Seca. Governo vai criar task force e aplicar limites ao uso de água no Algarve

por Joana Raposo Santos - RTP
Filipe Amorim - Lusa

O ministro do Ambiente anunciou esta quinta-feira novas medidas para fazer face à seca que se tem agravado no país, entre as quais a criação de uma task force dedicada ao Algarve. No final de uma reunião com a comissão de acompanhamento dos efeitos da seca, Duarte Cordeiro avançou que a atenção foi essencialmente dedicada à zona do Sotavento Algarvio.

Na barragem de Odeleite, Beliche, vão ser aplicadas medidas como a redução de 20% da quota de água para a agricultura; a redução, também de 20%, da água utilizada para campos de golfe; e, no caso dos campos de golfe e jardins precários, mesmo que haja uma alternativa como a utilização da água para reutilização, a redução será de cerca de 50%.

“Decidimos também, no que diz respeito às massas subterrâneas, que vamos constituir uma task force dedicada ao Algarve pela APA, Direção-Geral da Agricultura e outras entidades do Ministério da Ambiente e da Agricultura, para revermos os títulos de utilização de recursos hídricos que foram atribuídos”, adiantou o ministro do Ambiente em conferência de imprensa.

Duarte Cordeiro disse ainda que na sexta-feira terá uma reunião com a Associação de Municípios do Algarve, uma entidade que não quer o agravamento do consumo de água, na qual vai recomendar aos municípios que adotem pelo menos duas medidas: redução da rega de espaços verdes e eliminação da lavagem de equipamentos, exceto no caso de implicar a saúde pública.

O ministro do Ambiente referiu ainda que está em fase de conclusão uma proposta para alterar a Lei da Água, para reforçar o enquadramento legal para medidas que tenham de ser tomadas de limitar o uso da água, no contexto de seca.
Mais de um terço do país em seca severa ou extrema
Duarte Cordeiro explicou que “o nosso país, em particular no mês de maio, teve um nível de precipitação cerca de 35% abaixo do normal” e que “temos neste momento níveis críticos de água no solo”. As zonas do país mais afetadas são o Vale do Tejo e o Sul.

“Do ponto de vista dos índices de seca, a 30 de maio temos 36% do nosso território em seca severa ou extrema” e a previsão é que as temperaturas do ar se mantenham “acima da média”, afirmou.
Reportagem no Telejornal, dia 1 de junho de 2023

A nível da capacidade das albufeiras, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) indica que o país está agora melhor do que no ano passado. Atualmente o valor é de 79%, quando um ano antes estava nos 65%.

“Mas, quando olhamos para as águas subterrâneas no país, identificamos níveis muito baixos”, frisou o ministro. Neste caso, Algarve e Alentejo são as zonas com níveis mais reduzidos.

Ainda assim, “a situação de Portugal, quando comparada com a situação de Espanha, é bastante diferente”, já que Portugal tem 79% de água nas albufeiras, enquanto o país vizinho tem 48% nas suas, acrescentou o governante.

c/ Lusa
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