Tancos. Detidos diretor da Polícia Judiciária Militar e elementos da GNR

por RTP
Os detidos são suspeitos de terem forjado a recuperação das armas alegadamente furtadas dos Paióis Nacionais de Tancos Nacho Doce - Reuters

Foram detidos esta terça-feira o diretor da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Augusto Vieira, e três elementos da Guarda Nacional Republicana de Loulé. São suspeitos de terem forjado, juntamente com o autor do roubo nos Paióis Nacionais de Tancos, a recuperação das armas. O objetivo seria prejudicar a investigação da Polícia Judiciária.

Os detidos são suspeitos da prática de dez crimes, entre os quais associação criminosa e tráfico de armas. Um dos três militares da GNR de Loulé sob custódia das autoridades é o chefe do Núcleo de Investigação Criminal.“Os detidos serão presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa para aplicação das medidas de coação”, remata a PGR.

A RTP apurou que foram emitidos, ao todo, oito mandados de detenção.

Os agentes da Polícia Judiciária realizaram várias diligências de busca em zonas da Grande Lisboa, Algarve, Porto e Santarém. 

De acordo com uma nota da Procuradoria-Geral da República, sob investigação neste inquérito estão “as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de outubro de 2017, na região da Chamusca de material de guerra furtado em Tancos”.

Trata-se, ainda segundo a Procuradoria-Geral, de “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.

Nesta operação, designada como Húbris, estiveram cinco magistrados do Ministério Público e uma centena de elementos da polícia de investigação criminal. O inquérito está confiado ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal.

Ana Cardoso Fonseca - RTP

O caso do furto de armamento dos Paióis de Tancos remonta a junho do ano passado. Desapareceu então material de guerra como granadas antitanque, explosivos e munições. A estrutura foi depois desativada.

A 18 de outubro de 2017, a Polícia Judiciária Militar daria como recuperado todo o material, com a exceção das munições de calibre nove milímetros.

Entre o material de guerra encontrado em campo aberto, na Chamusca, a pouco mais de 20 quilómetros da base de Tancos, estava uma caixa com explosivos de 200 gramas que não fazia parte da lista inicial do furto. Algo que o Exército atribuiu a falhas de inventário.
“Esclarecimento integral”
Marcelo Rebelo de Sousa fez já publicar uma nota, no portal oficial da Presidência da República, para recordar que “insistiu desde o primeiro dia no esclarecimento integral do caso de Tancos”.

“O Presidente da República relembra que insistiu desde o primeiro dia no esclarecimento integral do caso de Tancos e na importância da investigação criminal; ainda recentemente, a 10 de setembro, reiterou que esperava desenvolvimentos nessa investigação”, lê-se no texto.

A 10 de setembro, o Chefe de Estado dizia ter “uma forte esperança” de que as conclusões da investigação fossem divulgadas dentro “de dias ou de semanas - e não de meses”.

“Estamos, penso eu, na ponta final da investigação criminal. E essa investigação criminal irá apurar, certamente, factos e eventuais responsáveis. E eu hoje tenho uma forte esperança que seja uma questão de dias ou de semanas e não de meses, portanto, que estejamos mesmo muito próximos do conhecimento das conclusões da investigação criminal”, declarava à data o Presidente, ouvido pelos jornalistas à margem de uma visita ao Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência, em Sintra.

c/ Lusa 
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