Web Summit. Polémicas não retiram otimismo e entusiasmo dos participantes

por Mariana Ribeiro Soares (texto), Nuno Patrício (imagem e edição) - RTP
Nuno Patrício - RTP

A Web Summit deste ano, que arrancou esta segunda-feira, está a ser ensombrada pelo boicote das grandes empresas tecnológicas após as declarações polémicas do ex-CEO, Paddy Cosgrave, sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Mas, apesar de todos os contratempos, o clima continua a ser de grande expectativa e otimismo entre os mais de 70 mil participantes.

O local, o espaço e o formato são os mesmos dos outros anos, mas há muita coisa que mudou na edição deste ano da Web Summit. A começar pelo CEO, que pela primeira vez não contará com o nome de Paddy Cosgrave.

Katherine Maher, ex-diretora executiva da Wikimedia, sucedeu a Paddy Cosgrave após este se ter demitido do cargo apenas duas semanas antes do evento, na sequência das suas declarações sobre o conflito que envolve Israel e o Hamas.

As declarações polémicas de Cosgrave levaram a um boicote de várias empresas, nomeadamente de gigantes tecnológicas como a Google, Meta, Amazon, Siemens e Intel.

Sendo este um evento que serve como oportunidade para os empreendedores e startups apresentarem os seus projetos aos investidores, na esperança de captarem a sua atenção, a desistência destas grandes empresas e de centenas de investidores levava a crer que fosse um fator desencorajador para os participantes.

No entanto, o clima que se vive neste primeiro dia da cimeira tecnológica continua a ser de grande expectativa e entusiasmo.

“Eu sei que muitas empresas desistiram, mas isso não vai arruinar a experiência”
, disse Mariana, uma das participantes, à RTP, explicando que algumas das empresas com quem quer falar em relação ao seu negócio “ainda estão aqui”. “As sessões continuam a ser interessantes. Vai ser bom” afirmou.

Antonius, dos Países Baixos, também está confiante de que este será um “bom evento” e defende que não se deve “politizar”.

“Não acho que seja sensato politizar estes eventos e acho que devemos focar-nos no que nos traz aqui, que são os empreendedores, investidores, novas tecnologias e tentar criar algo bom a partir daí”, defendeu.


“Eu compreendo toda a controvérsia, mas às vezes acho que as reações são um pouco exageradas”, asseverou.

Mariam, da Geórgia, admite que o comentário de Paddy Cosgrave e toda a polémica que se gerou “não foi simpático”, mas, apesar disso, espera que “tudo corra pelo melhor” nesta oitava edição da cimeira tecnológica.

“Acho que a Web Summit vai ser capaz de resolver bem a situação e acho que as oportunidades de contactos vão continuar a valer a pena com todas as empresas e startups”, acrescentou.

“Apesar da ausência das grandes empresas, tem muita gente aqui para fazer negócio. O público veio e estamos bastante animados para o evento, apesar das controvérsias e dos boicotes”, disse Everton, do Brasil.

“O importante é que as pessoas estejam aqui dispostas a fazer negócios. Esse é o clima da Web Summit, sempre foi”, defendeu.

Há, no entanto, quem admita que não tem expectativas para esta Web Summit, mas esteja curioso por ver quais as lições que foram retiradas de toda a controvérsia a envolver Paddy Cosgrave.

“Estamos entusiasmados por ouvir qual será o futuro da Web Summit com a nova CEO, dada a controvérsia e quais as lições retiradas desta controvérsia. Veremos. Não tenho expectativas, mas estou aqui”, disse Bogdan, da Ucrânia.

A cimeira tecnológica deste ano, que decorre até quinta-feira, vai receber 2.600 startups - um número recorde - e mais de 900 investidores. Ao todo serão mais de 70 mil participantes e estarão representados 160 países.
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