G20 alerta para riscos do “Brexit” e ameaça paraísos fiscais

por Ana Sanlez - RTP
Kevin Lamarque - Reuters

O grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo considera que o crescimento global continua “modesto e desigual”. O G20 alerta que a eventual saída do Reino Unido da União Europeia poderá criar um choque no crescimento económico em todo o mundo. As maiores potências mundiais avisaram ainda que poderão tomar medidas contra a evasão fiscal, no âmbito da polémica dos “Panama Papers”.

O crescimento económico global e o reforço da transparência fiscal foram os temas centrais do encontro do G20, que teve lugar esta sexta-feira em Washington, no âmbito das Reuniões da Primavera do FMI.

No comunicado divulgado após a reunião, os ministros das Finanças do G20 e os governadores dos bancos centrais salientam que o crescimento global permanece “modesto e desigual”. O G20 alerta para os riscos e as “incertezas” potenciadas pela “volatilidade financeira” e pelo cenário persistente de baixa inflação.

Mas as economias mais poderosas do globo identificam um conjunto de outras ameaças ao avanço da economia mundial. Além das tensões geopolíticas, do terrorismo e do fluxo de migrantes e refugiados, o G20 não esconde o receio dos efeitos que poderá trazer para a economia global a possível saída do Reino Unido da União Europeia, após o referendo agendado para julho.

Para os responsáveis financeiros mundiais, o “Brexit” poderá “complicar” a saúde financeira global.

O G20 aplaude as medidas de política orçamental que têm sido tomadas por vários países para estabilizar os mercados e impulsionar o crescimento. E reitera “o compromisso em usar todas as ferramentas de política monetária, orçamental e estrutural, individual e coletivamente, para estimular a confiança e fortalecer o crescimento”.

Os responsáveis pelas finanças das potências mundiais alertam, no entanto, que as medidas de política monetária, como a manutenção dos juros em mínimos ou o programa de compra de dívida do BCE, não são suficientes para impulsionar o crescimento.

O G20 salienta que o “excesso de volatilidade e movimentações desordenadas nas taxas de juro podem ter implicações adversas na estabilidade económica e financeira”, por isso o G20 garante que vai abster-se de “desvalorizações competitivas” que tenha objetivos “protecionistas”. O aviso surge poucos meses após a turbulência causada nos mercados financeiros internacionais pela desvalorização da moeda chinesa.
Paraísos fiscais na mira
O recente escândalo dos “Panama Papers” também não passou ao lado das maiores potências mundiais, que prometem reforçar o combate à evasão fiscal e promover a transparência financeira.

O grupo dos poderosos ameaça tomar medidas penalizadoras para os paraísos fiscais que recusem partilhar informações sobre os seus clientes.

O G20 revela que vai estudar a aplicação de “medidas defensivas” contra os países que não se comprometam com o acordo que prevê a troca automática de informações fiscais entre os países da OCDE.

As maiores economias do mundo reforçam que "melhorar a transparência (...) é vital para proteger a integridade do sistema financeiro internacional e impedir a utilização destas entidades para efeitos de corrupção, evasão fiscal, financiamento do terrorismo e lavagem de dinheiro ", pode ler-se no comunicado.

O G20 promete trabalhar em conjunto com a OCDE para identificar os países “não-cooperantes” até julho.
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