"Ventura é um bully político. Comporta-se como se estivesse no recreio da escola", acusa Catarina Martins

Catarina Martins fala de André Ventura como um "bully político".

Andreia Brito, Natália Carvalho - Antena 1 /

Imagem e edição vídeo: Pedro Chitas

Em entrevista ao podcast da Antena 1 Política com Assinatura, a candidata à Presidência da República acusa Ventura de ser “um bully de recreio de escola, e tem que ser posto no seu lugar”.

E avisa: “quero deixar bem claro, que se alguém acha que pode ser o bully de serviço, não é comigo e não perto de mim”.

A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda diz que Ventura apresenta-se a todas as eleições porque “quer que as suas ideias condicionem todos os debates da democracia. Acho que devemos lutar contra isso”.
“A esquerda está encolhida”

Catarina Martins não tem, por isso, dúvidas: a esquerda tem de se unir para combater a extrema-direita e alterar o atual modelo económico.

A esquerda está toda muito encolhida”, afirma a candidata ao sublinhar “houve um imenso recuo” do espaço da esquerda.

Por causa disso, argumenta que as esquerdas não podem ficar como “uma espécie de guardiões de um status quo que não serve a ninguém”.

A manter-se assim, “a esquerda não vai ter interlocução com o país”.
O que é que Seguro não tem?

António José Seguro “achava que tinha que aprovar orçamentos que cortavam salários e pensões”, acusa Catarina Martins.

Catarina Martins defende que na altura da troika em Portugal, a esquerda sentiu que não teria resposta para os anseios da população, porque tudo se resumia à dívida e à imposição do FMI e da União Europeia.

E António José Seguro aceitou esse discurso e até viabilizou orçamentos com normas inconstitucionais que cortaram nos direitos de quem trabalha”, critica a candidata a Presidente da República.

Acrescenta que “no tempo da troika parecia que estávamos num beco sem saída, e é por isso que António José Seguro achava que tinha que aprovar orçamentos que, contra a Constituição, cortavam salários e pensões”.

A candidata a Belém, apoiada pelo Bloco de Esquerda, assegura que “não é ser imperdoável. Até porque nada me move pessoalmente contra António José Seguro”.

E conclui que “a esquerda não se pode acantonar”. Do que se trata é de a esquerda “ter a coragem, mesmo nos momentos mais difíceis, de propor uma resposta diferente. E isso é uma diferença muito grande entre a visão de António José Seguro e a visão que nós precisamos à esquerda”.
E se Montenegro foi constituído arguido? “Acho difícil ter condições políticas numa situação dessas”

Catarina Martins lamenta que na Justiça nacional os processos se arrastem. Dá como exemplo as escutas ao então primeiro-ministro, António Costa.

Isto é complicado”, desabafa. "E eu não digo isto por estar em causa um primeiro-ministro. Digo isto porque é um sintoma para qualquer cidadão: se até a um primeiro-ministro pode acontecer uma coisas destas com escutas, imaginemos o que não pode acontecer a qualquer cidadão anónimo”.

E se Luís Montenegro for constituído arguido no âmbito do caso Spinumviva, o Presidente da República deve pedir a demissão do primeiro-ministro?”, questiona a editora de política da Antena 1.

Catarina Martins responde: “aí estamos com o problema de saber se o primeiro-ministro tem capacidade de interlocução com o país numa situação dessas. Eu acho difícil”.
“O Governo está a falhar redondamente na saúde”

Catarina Martins entende que a criação da Comissão de Combate à Fraude no Serviço Nacional de Saúde “é contraproducente”.

Entende que as fraudes na saúde devem ser combatidas, no entanto também defende que “não é aí que está o busílis da questão dos problemas que o Serviço Nacional de Saúde tem tido”.

Acrescenta que “acho que há uma permeabilidade à fraude porque há sistemas de incentivos errados”. Chama-lhes mesmo “remendos que tornaram o sistema uma confusão”.

E acusa o Executivo de ter estabelecido essa comissão para “criar um caso para se discutir tudo, menos o facto de o Governo estar a falhar redondamente na saúde”.
Habitação: “este é um Governo de proprietários”

Quando o tema é habitação, Catarina Martins atira: este “é um Governo de proprietários. É um Governo que se preocupa muito mais em proteger o direito à especulação imobiliária, do que proteger o direito à habitação”.

A candidata a Belém diz mesmo que o Executivo “governa para alguns interesses particulares”.

"O Governo, pode não ser uma empresa de construção, mas tem imóveis. E em vez de contratar empresas de construção... acha normal vender para se fazer mais hotéis, mais airbnb, e está tudo bem?”, conclui.
“Então vamos ter toda a gente precária? É inaceitável”

Em entrevista ao Política com Assinatura, a candidata à Presidência da República apoiada pelo Bloco de Esquerda reafirma que, se fosse presidente da República, enviaria a reforma laboral, proposta pelo Governo, para fiscalização do Tribunal Constitucional.

Na opinião de Catarina Martins há matérias inconstitucionais. Além disso relembra que o país tem salários baixos e perante isso questiona: “a sério que a solução do Governo é «então vamos ter toda a gente precária”? É inaceitável”.

É uma humilhação permanente no nosso país! É uma visão mesquinha do país, eu não tenho essa visão”, diz.
“Privatizámos tudo e isso fragilizou-nos muito”

Catarina Martins avisa que Portugal está a perder a soberania por ter privatizado tudo.

Privatizámos tudo, como poucos países no mundo fizeram!”, e para a candidata a Belém isso “fragilizou-nos muito”.

Dá como exemplo o que se passou no apagão de abril deste ano. “O nosso país não tem a mínima soberania sobre o seu sistema elétrico. Sou só eu que fico preocupada com isto?”, pergunta.
Entrevista a Catarina Martins conduzida pela editora de Política da Antena 1, Natália Carvalho.
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