Augusto Santos Silva afirma que patriotismo só medra no combate ao nacionalismo

por Lusa

O recém-eleito presidente da Assembleia da República fez hoje uma cerrada defesa do pluralismo e da tolerância, advertindo que o patriotismo só medra no combate ao nacionalismo, que apenas promete ostracismo e discrimina o que é diferente.

Esta posição foi transmitida por Augusto Santos Silva no seu primeiro discurso após ser eleito presidente do parlamento -- uma intervenção que levantou a bancada socialista, que foi aplaudida em vários momentos por deputados do PSD, Bloco de Esquerda e PCP, e em que nunca se referiu diretamente ao Chega.

Numa das principais passagens do seu discurso, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sustentou a tese de que a língua portuguesa "é fator de construção de pátrias distintas e ao mesmo tempo o laço mais forte e perene de ligação entre essas pátrias".

"O patriotismo só medra no combate ao nacionalismo. O patriota, porque ama a sua pátria, enaltece o amor dos outros pelas pátrias respetivas e percebe que só na pluralidade das pátrias floresce verdadeiramente a sua. O nacionalista, porém, odeia a pátria dos outros, quer fechar a sua ao contacto com as demais, discrimina quem é diferente e, em vez de hospitalidade, promete ostracismo", contrapôs.

Após estabelecer as diferenças, o novo presidente do parlamento invocou a "incrível força" da língua portuguesa, "de tantas pátrias", para se perceber de forma profunda que "o bom requisito para se ser patriota é não ser nacionalista".

"Isto é, não ter medo de abrir fronteiras, de integrar migrantes, de acolher refugiados, de praticar o comércio e as trocas culturais", completou, recebendo então uma prolongada salva de palmas.

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