Carlos César afirma que Sócrates deixou o PS de “forma livre”

por RTP
Miguel A. Lopes - Lusa

Carlos César afirma que José Sócrates tomou a decisão de abandonar o PS de “forma livre” e frisa que o antigo primeiro-ministro “deixou uma marca muito positiva”. O presidente do partido acrescenta que se se confirmarem as acusações ao ex-secretário-geral , é natural que exista “um sentimento de revolta”.

“Tomámos conhecimento, primeiro a partir dos órgãos de comunicação social, e de uma carta que nos acaba de chegar da decisão do eng. José Sócrates de se demitir do Partido Socialista. Trata-se, naturalmente de uma decisão assumida de forma responsável, de forma livre”, afirmou Carlos César aos jornalistas no Parlamento.

O líder da bancada parlamentar socialista acrescenta que o “partido se orgulha do seu contributo, ao logo de toda a história democrática, para o progresso do nosso país e em especial nas circunstâncias em que o PS assumiu responsabilidades governativas”.

“O eng. José Sócrates deixou uma marca muito positiva como primeiro-ministro, num período em que o nosso país alcançou progressos e resultados assinaláveis”, realçou.

Segundo Carlos César, “da parte do Partido Socialista não há nenhuma mudança na avaliação de uma questão fundamental, que é a separação entre aquilo que é da Justiça e aquilo que é da política. O que nós dissemos e continuamos a dizer é que em circunstâncias que envolvam suspeitas e acusações de atos graves, da parte do Partido Socialista haverá, desde logo e sempre, uma preocupação”.

“O que dizemos é que se se confirmarem essas suspeitas e essas acusações, aquilo que hoje os portugueses sentem quando confrontados com elas, e se elas se vierem a confirmar é justamente um entristecimento e compreensivelmente um sentimento de revolta. É isso que temos dito é isso que continuamos a dizer”, acrescentou Carlos César numa breve declaração sem direito a perguntas por parte dos jornalistas.

O presidente do PS salientou ainda que o partido “desenvolveu ao logo de toda a sua história, e nestas últimas décadas, uma contribuição muito importante no plano do reforço da transparência da política e da atividade política, da melhor relação entre os eleitos e os eleitores. Entre os representados e os seus representantes, adotando inúmeras medidas que têm vindo a reforçar essa proximidade e que têm vindo a acentuar essa transparência”.

“Estamos no lugar onde o Partido Socialista propôs a formação de uma comissão eventual para a transparência e onde essa comissão hoje trabalha um conjunto de projetos, (…) que visam justamente disciplinar e monitorizar a ação dos políticos, a ação dos lóbies e toda a envolvência de aspetos que podem tornar a atividade política menos transparente e que importa que sejam corrigidos e melhorados em abono da qualidade da nossa democracia”, acrescentou.

Para Carlos César “estes casos que agora suscitam uma atenção mediática, compreensível, são casos que se têm disseminado ao longo dos anos por personalidades e situações que não envolvem o Partido Socialista”.

“Temos que ter consciência e não apagar da nossa memória que em inúmeras situações, infelizmente, em vários governos e em vários partidos têm existido pessoas cuja conduta e cujo comportamento é censurável, algumas delas até já cumpriram penas de prisão, outros são arguidos, outros têm graves suspeitas que ainda não foram esclarecidas. E são pessoas de todos os partidos e em particular daqueles que têm desempenhado funções de Governo e exercido essas responsabilidades”, acrescentou.

Carlos César considera que “aquilo que é importante é que nos convoquemos para que o Portugal que temos seja um Portugal gerido com cada vez maior transparência, para que também sejam obtidos cada vez mais resultados e a nossa democracia possa assim ser fortalecida”.

“Nós estamos numa fase em que é muito importante que isso seja demonstrado perante os portugueses. E aquilo que nós quisemos dizer , quando surgiram estes últimos casos foi justamente que os partidos políticos devem tomar atenção a estes aspetos que ensombram por vezes as relações políticas e que colocam dúvidas junto de muitos portugueses”, rematou.
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