O cansaço dos eleitores portugueses, a ausência de alternativas claras para o governo do país, o PRR e o reforço de investimento na Defesa são as principais ideias que cruzam a imprensa internacional. Sendo a palavra "corrupção" comum a todos os media que a RTP consultou esta quarta-feira.
Todos os media também destacam que Portugal se prepara eleições pela terceira vez em três anos.
A queda do Governo de Luís Montenegro é, para o jornal espanhol El Mundo, exemplo da “situação de extrema fragilidade política” em Portugal, com “um governo minoritário” que “só tem mais dois parlamentares que o PS".
El País destaca o facto de Luís Montenegro admitir que será recandidato mesmo na eventualidade de ser constituído arguido.
Na Alemanha, a Deutsche Welle sintetiza a situação política portuguesa apelidando o momento atual como “porta giratória”, uma vez que o atual Governo “cai um ano após ser eleito”.
A BBC sublinha que o gabinete de Montenegro aprovou várias despesas e outras medidas nos últimos dias “naquilo que é visto como uma tentativa para mostrar trabalho”.
Um outro aspeto destacado por quase todos os órgãos de comunicação social internacionais é que a atual situação “pode oferecer condições ideais para o Chega, de extrema-direita, insistir na bandeira da luta contra a corrupção na política”.
Para o Guardian, Portugal “não escapou à crescente onda europeia de populismo” e “o descontentamento dos eleitores com o regresso às urnas pode ser positivo para o partido Chega, que se alimentou da frustração com os partidos tradicionais”.
Também em França, a crise política portuguesa merece atenções, com a France24 a afirmar que novas eleições podem “favorecer a extrema-direita (o Chega)”.
O New York Times diz que nos três maiores partidos não há quem escape a acusações de “falta de ética”.
De novo, surge o caso do deputado do Chega que é acusado de roubar malas no aeroporto de Lisboa. O jornal norte-americano lembra ainda “a acusação de que um dos elementos do partido terá pago para ter sexo com um menor”. Ambos “foram expulsos do partido”, recorda o New York Times.
As sondagens levam os media em geral a anteciparem que a crise política em Portugal vai continuar.
As sondagens levam os media em geral a anteciparem que a crise política em Portugal vai continuar.
A BBC escreve que “os principais partidos (…) temem que os eleitores não queiram escolher um novo governo”.
“Em termos geopolíticos, o momento atual é mau” para a BBC.
Com novas eleições legislativas antecipadas, o britânico The Guardian lembra ainda que está a decorrer o PRR.
No Luxemburgo, onde a comunidade portuguesa é uma das maiores (de acordo com a OCDE, em 2024 havia 92 mil portugueses – primeira e segunda geração - a viver no Grão-Ducado), o Luxembourgh Times escreve que a queda do governo “pode atrasar decisões importantes, incluindo a privatização da TAP e investimentos em infraestruturas, como ligações ferroviárias de alta velocidade.
O Financial Times sublinha que Portugal está sob “pressão para aumentar os gastos com o setor da defesa”, numa altura em que também está a ser “abalado por uma subida do sentimento contra a imigração que favorece a extrema-direita”. Para o Financial Times a atual “saga reforçou
a perceção pública de haver corrupção generalizada na política
portuguesa”. O jornal termina o artigo com dois nomes: António Costa e
José Sócrates.
O Politico (página eletrónica que acompanha temas políticos) não vê grandes opções para haver “um governo estável em Portugal”, uma vez que a distribuição de votos se mantém praticamente entre PSD, PS e Chega.
De acordo com o Politico, se Luís Montenegro não vencer “muitos (no PSD) estão ansiosos pelo regresso do "antecessor (Pedro Passos Coelho) à liderança do partido” social-democrata.
A imprensa internacional também refere que os governos minoritários em Portugal tendem a ter uma vida curta. “Em 50 anos de democracia, apenas dois sobreviveram a um mandato completo de quatro anos”.
Desde o Médio Oriente, a televisão Al Jazeera considera que este é “o pior momento de instabilidade política desde que a Revolução dos Cravos de 1974 instituiu a Democracia”.
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