O presidente da República ouviu esta quarta-feira os partidos com representação parlamentar, na sequência da queda do Governo de Luís Montenegro por via da rejeição da moção de confiança.
O presidente da República ouviu esta quarta-feira os partidos com representação parlamentar, na sequência da queda do Governo de Luís Montenegro por via da rejeição da moção de confiança.
Pedro A. Pina - RTP
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, manifestou preferência que as Eleições Legislativas antecipadas aconteçam no dia 18 de maio, tendo em conta as peregrinações a Fátima que habitualmente acontecem nesse mês.
O presidente da Câmara de Lisboa, presente na BTL, afirmou que Luís Montenegro sempre foi assertivo nas explicações dadas ao país sobre a empresa familiar. Carlos Moedas acredita que o país não devia ir a eleições e que há que olhar para o futuro.
O ministro da Economia diz que Portugal vai entrar num intervalo político, mas que na economia não há, nem pode haver, pausas. Numa visita à feira de turismo de Lisboa, Pedro Reis reforçou que o país e as empresas precisam de confiança e clarificação para continuar a crescer.
O presidente executivo (CEO) do Grupo Nabeiro -- Delta Cafés manifestou preocupação com o facto de Portugal ir novamente a eleições legislativas, já que a instabilidade "não é muito amiga" da economia, num momento de incerteza internacional.
Rui Miguel Nabeiro falava aos jornalistas no final da apresentação do lançamento da nova edição café Amboim pela Delta The Coffee House Experience, que é um tributo ao café produzido por 12 mulheres em Angola e que representa uma parceria com a Associação das Mulheres Empreendedoras de Porto Amboim, província do Cuanza Sul, Angola.
"Olho para isso com alguma preocupação, no momento em que a Europa atravessa um momento de bastante incerteza, até na relação com os Estados Unidos", afirmou o gestor.
A moção de confiança ao Governo PSD/CDS-PP foi chumbada na terça-feira no parlamento com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
"Não sei se era possível ser evitável ou não, não me compete avaliar isso"", mas "apenas dizer que é com alguma preocupação que eu vejo" toda a situação, insistiu o CEO do Grupo Nabeiro - Delta Cafés.
"A instabilidade não é muito amiga da economia e no momento (...) em que vivemos uma incerteza internacional", a situação gera preocupação, uma vez que "tudo aquilo que não precisamos no nosso país neste momento era uma situação como esta", rematou.
ALU // EA
Lusa/Fim
Presidentes dos principais bancos mostraram-se hoje descontentes com a crise política, durante a conferência Fórum Banca, em Lisboa, considerando que a regular instabilidade política pode perturbar uma economia para já estável.
"O que se passou recentemente era tudo o que não precisávamos, a instabilidade é má para o sistema", disse o presidente do Montepio, Pedro Leitão.
Para o presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, "é como se fosse uma corrida de carros e o carro português a cada volta encosta".
O gestor considerou que, apesar da estabilidade económica atual e de continuarem a investir em Portugal, os "privados, as pessoas e empresas que criam riqueza e crescimento", se estas situações se mantiverem corroem a economia.
Já o presidente do BCP, Miguel Maya, disse ser "otimista" e que a "qualidade dos empresários portugueses na última década mostra que se pode confiar no país".
"Estou muito tranquilo quanto à economia portuguesa. Dizer que preferimos estabilidade à instabilidade é La Palisse", disse Maya.
Mais duros nas palavras foram os presidentes de BPI e Crédito Agrícola.
Licínio Pina, do Crédito Agrícola, considerou "degradante" ao que a política chegou e anteviu que "dificilmente haverá pessoas com qualidade a querer exercer funções públicas face à exigência feita à pessoa e à sua família".
João Pedro Oliveira e Costa, do BPI, disse que perante o que viu "há uma falta enorme de indignação".
"O meu nível de situação é tão grande, tenho quase vontade baixar os braços, questionar se vale a pena votar, se alguém nos ouve", afirmou.
Os presidentes da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco não estiveram presentes na conferência.
Na terça-feira, o parlamento chumbou a moção de confiança apresentada pelo Governo, provocando a sua demissão.
Hoje, o Presidente da República recebe os partidos políticos com assento parlamentar no Palácio de Belém para discutir a crise política e o cenário de legislativas antecipadas.
Marcelo Rebelo de Sousa tinha sinalizado que, se a moção de confiança fosse rejeitada provocando a queda do Governo, o "calendário eleitoral" apontaria para meados de maio.
Foto: André Kosters - Lusa
Miguel Albuquerque acredita que eleições legislativas antecipadas devem acontecer rapidamente e são a melhor solução para o continente, tal como vai acontecer na Madeira. O candidato às legislativas regionais lembra que o estatuto de arguido serve como meio de defesa.
A decisão só vai ser tomada na próxima reunião da Conferência de Líderes. Para já, está decidido o levantamento da suspensão da comissão de inquérito ao caso das gémeas.
Nuno Melo acusa oposição de levar o país para uma crise política que o Governo tentou evitar "até ao último segundo". O CDS reuniu na última noite a comissão executiva na sede do partido e, no final do encontro, disse aos jornalistas que "caiu um bom governo".
A conferência de líderes parlamentares alterou hoje os trabalhos da Assembleia da República preparando-se para uma eventual dissolução na sexta-feira, antecipando votações e adiando o debate preparatório do Conselho Europeu.
Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da conferência de líderes parlamentares, o deputado do PSD Jorge Paulo Oliveira, indicou que todas as votações regimentais que estavam previstas para esta sexta-feira serão antecipadas para quinta.
"Isto para evitar que, eventualmente, o senhor Presidente da República possa decretar já a dissolução da Assembleia da República com efeitos a partir de sexta-feira e, portanto, criar aqui alguns constrangimentos", referiu.
Uma proposta de lei sobre a lei de bases do sistema educativo já não será votada por o Governo, autor da proposta, ter ficado terça-feira demissionário.
Serão, contudo, votados os projetos de lei dos partidos sobre o mesmo tema que tinham sido arrastados devido ao agendamento desta proposta de lei.
O debate preparatório do Conselho Europeu, previsto para hoje, foi adiado para a próxima quarta-feira, provavelmente já com o parlamento a funcionar em regime de comissão permanente, após a dissolução oficial da Assembleia da República.
De acordo com o artigo 179.º da Constituição da República, "fora do período de funcionamento efetivo da Assembleia da República, durante o período em que ela se encontrar dissolvida, e nos restantes casos previstos na Constituição, funciona a Comissão Permanente da Assembleia da República", composta por menos deputados e com poderes limitados.
O porta-voz da conferência de líderes disse que, durante funcionamento da comissão permanente, os partidos poderão continuar a apresentar perguntas e requerimentos ao Governo e as comissões parlamentares poderão reunir-se em três circunstâncias: a primeira, para "aprovarem redações finais de diploma que já tenham sido objeto de votação final global".
"Pode ainda reunir-se, mediante a autorização do presidente da Assembleia da República, a comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados para deliberar sobre a matéria relacionada com o Estatuto dos Deputados, mas também por solicitações urgentes dos tribunais, nomeadamente para pedidos de autorização para prestação de depoimento por escrito ou presencialmente", disse.
Poderá ainda reunir-se qualquer comissão parlamentar, igualmente mediante autorização do presidente da Assembleia da República, "se tiver necessidade de deliberar sobre a composição de delegações, tendo em vista a participação em reuniões interparlamentares no quadro da União Europeia (UE)".
Jorge Paulo Oliveira indicou ainda que, durante as delegações da Assembleia da República a organizações permanentes vão manter-se em plenitude de funções e os grupos parlamentares de amizade "podem também desenvolver as suas atividades", mas só no que é "estritamente indispensável", designadamente compromissos já assumidos perante outros parlamentos.
Já o programa do Parlamento dos Jovens irá manter-se na íntegra, mas os deputados escalados para sessões regionais e distritais e para a sessão final já não irão marcar presença, participando apenas o presidente da Assembleia da República.
Com a dissolução do parlamento, referiu ainda Jorge Paulo Oliveira, cessarão ainda todas as atividades culturais que estavam organizadas pela Assembleia da República, com exceção das iniciativas que já estavam programas no âmbito do cinquentenário do 25 de Abril de 1974.
O Ministério Público abriu uma "averiguação preventiva" relativa à empresa Spinumviva, da família do primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou esta quarta-feira o procurador-geral da República.
Amadeu Guerra explicou, à saída de um colóquio sobre Direito Penal no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, que chegaram à Procuradoria-Geral três queixas relativas à empresa da família do primeiro-ministro.A "averiguação preventiva" visa avaliar se há elementos que justifiquem a abertura de um inquérito.
Recorde-se que, na semana passada, a Procuradoria-Geral da República havia revelado ter recebido uma denúncia anónima.
O anúncio da "averiguação preventiva", pela voz do procurador-geral, surge um dia após a queda do Governo da Aliança Democrática ter ficado selada com o chumbo da moção de confiança na Assembleia da República.
"Dos elementos que recolhemos até agora, não há fundamento para abrir qualquer inquérito", afirmou Amadeu Guerra, para sublinhar ser esta a razão para as diligências agora divulgadas.
Sem avançar com quaisquer prazos, o procurador-geral precisou que a averiguação vai assentar em dados obtidos de fontes abertas e que serão solicitadas informações a diferentes entidades: "Não são meios intrusivos".
Foto: António Pedro Santos - Lusa
Embora a crise política esteja centrada no chefe do governo, o ministro adjunto e da Coesão Territorial acredita que alterar o primeiro protagonista do Executivo não faz sentido.
Oriana Barcelos - Antena 1
A notícia da queda do Governo português já ecoa na imprensa internacional. Está praticamente em todos os órgãos de informação de referência, nos dois lados do Atlântico.
Fernando Medina critica quem, na praça pública, se aproveitou politicamente do caso que envolve o primeiro-ministro. O deputado socialista condena aquilo que ouviu vindo de todos os partidos, inclusive do Partido Socialista.
Esta terça-feira, mais de quatro horas de debate no Parlamento ficaram marcadas pelos vários apelos do primeiro-ministro e pelas críticas em uníssono da oposição. O Governo tentou falar em privado com o PS, que recusou, para depois procurar definir prazos mais curtos para a comissão de inquérito à empresa familiar de Luís Montenegro. Mas o Governo acabou mesmo por cair tal como se previa, com a rejeição da moção de confiança.
Foto: António Antunes - RTP
O Governo caiu e há uma nova crise política em Portugal um ano depois das últimas legislativas. O Parlamento chumbou a moção de confiança e Luís Montenegro diz que o Executivo tentou tudo e acusa o PS de intransigência e de querer degradar o debate político.
Foto: António Antunes - RTP
O primeiro-ministro diz que o Governo tentou "tudo o que tinha ao seu alcance" mas insiste que o PS se manteve intransigente. Luís Montenegro sublinha que o executivo quis evitar um ciclo prolongado de degradação do debate político.
Foto: António Antunes - RTP
O líder do PS diz que o Governo estava desesperado e que tentou condicionar o Parlamento. Pedro Nuno Santos recusa que o partido tenha sido intransigente e acusa Luís Montenegro de ter feito "manobras e truques" numa tarde "desprestigiante" para o Parlamento.
Foto: Manuel de Almeida - Lusa
A Iniciativa Liberal rejeita integrar qualquer coligação pré-eleitoral e vai apresentar-se sozinha às eleições legislativas. A líder da bancada parlamentar disse, na RTP3, que os cenários serão traçados depois da votação.
A oposição criticou a proposta do Governo de encurtar o número de dias da Comissão Parlamentar de Inquérito em pleno debate.
Os socialistas dizem que o regime democrático não foi dignificado pelo PSD no Parlamento. Alexandra Leitão afirma que a moção de confiança era apenas uma tentativa de condicionar a comissão parlamentar de inquérito a Luís Montenegro. Nas respostas, Paulo Rangel afirma que o PS pretende apenas prolongar as suspeições sobre o primeiro-ministro.
O presidente da República acaba de convocar os partidos "na sequência da rejeição hoje, pela Assembleia da República, da moção de confiança ao Governo que determina a sua consequente demissão".