Críticos propuseram adiamento do Congresso do CDS, líder acusou-os de "cambalhotas e piruetas"

por Lusa

Alguns críticos da atual direção do CDS, entre os quais o líder parlamentar, Telmo Correia, defenderam hoje o adiamento do congresso do partido, que será no final de novembro, com o presidente a acusá-los de darem "cambalhotas e piruetas".

O Conselho Nacional do CDS-PP esteve hoje reunido por videoconferência e à porta fechada durante cerca de 10 horas, tendo os conselheiros analisado os resultados das eleições autárquicas de 26 de setembro e aprovado a convocatória do 29.º Congresso do partido, que foi assim antecipado para 27 e 28 de novembro.

Como as reuniões magnas dos centristas a decorrem ordinariamente de dois em dois anos e, como a última foi no final de janeiro do ano passado, em Aveiro, a próxima deveria acontecer dois meses depois da data definida hoje pelos conselheiros.

Segundo relataram à agência Lusa fontes presentes na reunião, o líder do Grupo Parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, apoiante de Nuno Melo na corrida à liderança do partido, defendeu que este congresso terá como âmbito analisar "se a herança recebida foi melhorada" ou não.

E questionou "qual a necessidade" da antecipação do congresso "se está tudo a correr tão bem" à direção, bem como qual a razão para "a pressão" em torno de um Conselho Nacional que poderia ter decorrido presencialmente, acusando quem está à frente do partido "de martelar as datas todas para ser o mais rapidamente possível".

"A urgência é inexplicável, a pressa é incompreensível e não tem nenhum nexo", argumentou Telmo Correia, pedindo o adiamento da data da reunião magna centrista na qual vai ser eleita a nova liderança nem que fosse "um fim de semana".

O deputado considerou ainda que "não é normal, não é prática habitual" marcar o congresso para a mesma data do congresso de outro partido, neste caso o Chega, argumentando ainda que "é disparatado" e "é errado do ponto de vista da afirmação do partido".

Na mesma linha, o ex-líder parlamentar Nuno Magalhães considerou que "é questão de bom senso reponderar a data", alegando que "é do interesse estratégico do CDS" ter atenção mediática "sem qualquer tipo de ruído e interferência".

O ex-deputado e líder da distrital do CDS João Gonçalves Pereira criticou a marcação do congresso para o mesmo fim de semana do do Chega, considerando que "não só revela pouco bom senso como também descortesia institucional".

O deputado que o substituiu, Pedro Morais Soares, considerou "um erro" a reunião magna centrista decorrer em altura de debate orçamental.

Já o deputado Miguel Arrobas, que substituiu recentemente Ana Rita Bessa no parlamento, não convergiu com o restante grupo parlamentar e recusou a mudança da data.

Do lado da direção, foram vários os dirigentes que saíram em defesa da data escolhida, entre eles os vice-presidentes Pedro Melo, que afirmou que "seria um absurdo o CDS condicionar a vida interna" devido a outro partido, e Paulo Duarte, que salientou que, do lado dos críticos, "de repente já não já não há tanta urgência de eleger um novo presidente".

Também a centrista Filipa Correia Pinto criticou que as mesmas pessoas que há uns meses alegavam que estava em causa a sobrevivência do partido e era necessário um congresso, agora acham que está "a ser marcado de forma extemporânea".

Na mesma linha, o presidente do Conselho Nacional, Filipe Anacoreta Correia, acusou os críticos de mudarem de posição consoante lhes "convém", segundo transmitiram à Lusa conselheiros presentes na reunião.

A intervenção mais dura coube ao presidente do partido que acusou os opositores de "ziguezagues, cambalhotas e piruetas".

Enquanto "em janeiro todos queriam correr" consigo da presidência do partido, pedindo a marcação de um congresso, e não se preocuparam com os prazos das convocatórias, agora argumentam que "o congresso é muito cedo", continuou Francisco Rodrigues dos Santos.

O líder centrista acusou ainda os críticos de não o aceitarem por não pertencer "à fina flor" da sociedade e afirmou que as "reais motivações para serem contra a urgência" e querem adiar a data é "desgastar a liderança".

E questionou se antecipar o congresso "apenas dois meses" muda "assim tanto o calendário", considerando que "às vezes falta um pingo de decoro a algumas pessoas".

Tópicos
pub