Em polos opostos. Mortágua e Ventura trocam acusações sobre "terroristas" nas listas

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Pedro Pina - RTP

Mariana Mortágua e André Ventura chocaram de frente e em tudo durante o debate de terça-feira à noite. Ambos trocaram acusações sobre “terroristas” nas listas de cada partido, num debate que ficou marcado pelas diferenças sobre a imigração e habitação. Mortágua disse estar mais próxima de “determinar a governação” e afirmou que “ninguém se quer sentar ao lado” do Chega. Ventura, por sua vez, acusou o BE de ser “a muleta do PS”.

O debate entre Mariana Mortágua e André Ventura foi aceso logo desde o início, quando se discutiu a crise na habitação.

A líder do Bloco de Esquerda defende que são precisas medidas “que limitem as rendas e a procura de luxo por parte de milionários” e, por este motivo, uma das propostas que consta no programa do BE é a proibição da compra de casa a não residentes.

“A procura de luxo vem porque houve um beneficio fiscal a residentes não habituais e também dos vistos gold”, disse Mariana Mortágua. A líder do BE considera que os vistos gold “são não só uma fonte de especulação imobiliária, como também um visto para a corrupção” e diz ser “surpreendente que o Chega queira reintroduzir os vistos gold em Portugal”.

André Ventura, por sua vez, defendeu que o peso dos vistos gold no investimento imobiliário “é zero” e criticou o BE por defender “um modelo de habitação em que o Estado é o dono e senhor de tudo”.

“O que o BE e o PS querem fazer é taxar mais os alojamentos locais e destruí-los. Isso não é nem resolver o problema da habitação, nem lutar contra a especulação. É um disparate comunista que quer destruir a economia e atacar os proprietários”, argumentou o líder do Chega.

Em resposta, Mariana Mortágua disse que o Chega apresenta propostas “que defendem a especulação imobiliária e os milionários” e afirmou que os "interesses imobiliários financiam o Chega”.

“O Chega defende propostas que vão ao encontro dos interesses dos grupos e das pessoas que financiam o Chega”, disse a bloquista.
“Terroristas” nas listas
Ventura disse que esta acusação era “um disparate” e contra-atacou: “Não fui que tive um vereador que estava a vender casas da segurança social ao triplo do preço”.

“Orgulho-me de não ter terroristas nas nossas listas e candidatos à Câmara de Lisboa e a comprar casas e a vendê-las ao triplo do preço”, disse o líder do Chega, que acusou Mortágua de “hipocrisia”.

Em resposta, a líder dos bloquistas disse conhecer bem os “truques” de Ventura e acusou o Chega de ter como número dois "um dirigente da principal organização terrorista em Portugal".
“O seu partido é que tem como número dois um dirigente da principal organização terrorista em Portugal, que fez 600 atentados e foi responsável pela morte do Padre Max”, respondeu Mortágua, referindo-se ao deputado Diogo Pacheco Amorim.

Ventura assegurou que Diogo Pacheco Amorim “nunca foi condenado por tribunal nenhum” e respondeu que o BE é que tem “dois candidatos que foram condenados por terrorismo, mataram bebés, foram assassinos”.

No tema da corrupção, Mortágua acusou o Chega de "defender offshores, onde os corruptos escondem o dinheiro". O líder do Chega, por sua vez, voltou a acusa a líder bloquista da “maior hipocrisia política”, afirmando que o BE “quer combater a corrupção, mas vota contra tudo o que é para combater a corrupção”.

Mortágua e Ventura mostraram também estar em polos opostos no tema da imigração, O líder do Chega defendeu um maior controlo e regulação a acusou o BE de “não só ter levado o Governo a extinguir o SEF - o maior erro que cometemos - como levaram ao regime disparatado dos vistos da CPLP”.

Já Mortágua disse que a política que o Chega defende para a imigração “significa o caos para Portugal” em setores como a agricultura, a pesca, os lares e a construção.

“Há imigrantes porque há necessidade de trabalho imigrante em Portugal”, argumentou.

O líder do Chega respondeu que Mortágua quer criar “o país da estação do Oriente, onde estão uma serie de sem-abrigo imigrantes porque os deixaram entrar e agora não temos condições para os integrar”.
“Ninguém se quer sentar ao seu lado”
Já na reta final do debate, Mariana Mortágua disse que o objetivo do Bloco de Esquerda é “determinar a governação” e lembrou que a “'Geringonça' foi uma governação que cumpriu aquilo que prometeu”.

A líder do BE disse ainda estar “mais próxima de determinar uma próxima governação do que o Ventura de fazer um acordo com partidos a quem chama de prostitutas políticas”.

“Ninguém se quer sentar ao seu lado por causa das suas posições xenófobas e racistas, nomeadamente sobre imigração”, disse a líder do Bloco de Esquerda.

Ventura, por seu lado, terminou o debate a acusar Mortágua de ser “a muleta do PS”.
Tópicos
pub