"Espero que instabilidade não passe a ser padrão". Costa defende legislaturas completas

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
José Coelho - Lusa

O primeiro-ministro cessante, António Costa, defendeu esta terça-feira que as legislaturas devem ser cumpridas até ao fim, sustentando que a instabilidade não deve passar "a ser padrão". Costa assumiu a responsabilidade pelos resultados destas legislativas, considerando que "é preciso refletir".

"Eu acho que as legislaturas devem-se cumprir. Acho que, para Portugal, tem sido uma vantagem competitiva importante ter havido estabilidade das suas legislaturas e espero que o facto de termos tido agora uma recente instabilidade não passe a ser o novo padrão", disse António Costa esta terça-feira.

Questionado sobre qual deverá ser a posição do PS quanto a um novo Orçamento do Estado, o chefe do Executivo afirmou que essa decisão cabe ao atual líder socialista, Pedro Nuno Santos.

"Não há nada pior do que quem deixa de estar ao volante, depois, pôr-se a dar opiniões sobre quem tem agora o encargo de conduzir", disse António Costa, lembrando que a fase da sua vida enquanto líder do PS "está encerrada".

António Costa acredita que a mudança de Governo não põe em causa a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e avisa que a “bazuca europeia” é fundamental para o país.

“Tenho a certeza que não é pelo facto de haver uma mudança de maioria e do Governo e que o PRR vai sofrer qualquer tipo de sobressalto” disse António Costa em declarações aos jornalistas no final da sessão da manhã do 2.º Encontro Anual das Agendas Mobilizadoras, que decorre no Europarque em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

“É importante que as coisas continuem”, vincou.

Questionado sobre os projetos que ficam agora em suspenso, nomeadamente o novo aeroporto, António Costa defende que “é importante que o país não se fruste e que as coisas que estão em andamento, continuem em andamento”.
Costa assume responsabilidade nos resultados eleitorais
O primeiro-ministro cessante assume a responsabilidade pelos resultados eleitorais e diz que “é preciso refletir” sobre os mesmos, em particular sobre a subida do Chega.

“Quem foi oito anos primeiro-ministro tem, seguramente, responsabilidade nos resultados eleitorais que existem a seguir”, disse António Costa.

“Todos temos de refletir. É preciso compreender quais são as causas profundas que fazem com que um milhão de pessoas entenda que deve empregar o seu voto naquela oferta política”, declarou.

António Costa destaca a boa avaliação que teve nestes oito anos de governação e questiona se o Governo teria tido uma melhor nota se o mandato tivesse sido cumprido até ao fim, mas conclui que agora “não interessa especular”.

“Os portugueses votaram e escolheram. Aquilo que eu tenho a desejar é: ao líder do meu partido, as maiores felicidades, e àquele que me venha a substituir como primeiro-ministro, que quase seguramente será o doutor Luís Montenegro, as maiores felicidades também”, asseverou.
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