Ferreira Leite ataca "modelo de desenvolvimento errado"

A presidente do PSD encara a proposta de Orçamento do Estado para 2009 como um documento que não transmite "a confiança desejável" e assenta num modelo de desenvolvimento "errado". O partido de Manuela Ferreira Leite, que se prepara para se abster na votação do Orçamento à luz do "sentido de Estado", volta a criticar a aposta do Executivo socialista no investimento público.

RTP /
"Este Orçamento nunca seria o nosso Orçamento", disse Manuela Ferreira Leite em conferência de imprensa Mário Cruz, Lusa

Foi no decurso de uma conferência de imprensa, a partir da sede nacional do PSD, em Lisboa, que Manuela Ferreira Leite sintetizou a avaliação do partido à proposta de Orçamento do Estado para 2009 apresentada na terça-feira pelo ministro das Finanças. A líder social-democrata admite que o documento do Governo, negociado com o seu partido e o CDS-PP, "pela primeira vez começa a apontar caminhos credíveis, única forma de acalmar os mercados financeiros". Mas fá-lo "sem transmitir a confiança desejável".

"Este Orçamento nunca seria o nosso Orçamento. Este Orçamento tem subjacente um modelo de desenvolvimento que nós há muito vimos afirmando que está errado. E são os resultados, mais do que os discursos, que provam que está errado", afirmou esta quinta-feira Ferreira Leite.

"O modelo aplicado por este Governo assenta no pressuposto de que é o Estado que deve orientar toda a economia e por isso tem o seu motor na despesa pública, no investimento público, como forma de promover o desenvolvimento", reiterou a líder social-democrata. "Nós entendemos que só cresceremos de forma sustentada e só criaremos as condições para um desenvolvimento com verdadeira dimensão social se o nosso modelo económico se basear no investimento privado e nas exportações", concluiu.

"Transparência das contas públicas"

A bancada parlamentar do PSD abre esta sexta-feira o debate quinzenal com o primeiro-ministro, na Assembleia da República, com o tema da "transparência das contas públicas".

"O Orçamento do Estado apresenta para 2010 o segundo maior défice da história da democracia. O maior foi obtido em 2009. É um recorde histórico de 9,3 por cento que mina a credibilidade internacional de Portugal", sublinhava ontem o deputado social-democrata Miguel Frasquilho.

No início da semana, o líder parlamentar do PSD, José Pedro Aguiar-Branco voltava a justificar a abstenção do partido na votação do Orçamento com o argumento do "sentido de Estado": "O sentido de Estado que o PSD fez ao anunciar hoje [segunda-feira] que se ia abster para viabilizar o Orçamento significa tão-somente uma análise muito realista da situação [e das] consequências para o mercado internacional".

Orçamento em destaque no Parlamento

Também os socialistas escolheram o Orçamento do Estado para 2010 como tema do debate quinzenal, dando destaque às prioridades inscritas no documento.

À direita, o CDS-PP optou pelos temas das políticas económicas, sociais e de soberania, enquanto que o Bloco de Esquerda escolheu falar sobre políticas sociais, economia e relações internacionais.

O tema do Orçamento do Estado vai enformar, também, as intervenções da bancada comunista, ao passo que o Partido Ecologista "Os Verdes", parceiro do PCP na CDU, elegeu as questões sócio-económicas e ambientais como temas a debater no Parlamento. Esta quinta-feira, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, confirmou que o partido vai votar contra o Orçamento para 2010, apontando baterias à "obsessão pelo défice público", à política de privatizações e ao anunciado congelamento dos salários da Função Pública.

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