Incêndios. Marcelo quer soluções para assimetrias regionais até 2023

por RTP
António Araújo - Lusa

Em dois artigos de opinião publicados este sábado pelo jornal Público e pelo semanário Expresso, o Presidente da República estabelece a próxima legislatura como meta para resolver as desigualdades entre o interior e o litoral do país, numa altura em que se assinala o primeiro ano desde a tragédia de Pedrógão Grande.

“Se não formos capazes, falhámos como país”. É este o título de um artigo de opinião assinado este sábado por Marcelo Rebelo de Sousa, em que o Presidente da República realça a necessidade de “corrigir assimetrias” e “ultrapassar desigualdades” territoriais.  
 
No artigo publicado pelo jornal Público quando passa um ano desde a tragédia de Pedrógão Grande, o chefe de Estado diz que é importante “retirar lições (…) do que falhou”.

“Falhou por razões estruturais, falhou por razões conjunturais, falhou por motivos que se prendem com sistemas, orgânicas, políticas. Falhou também, eventualmente, no que diz respeito à intervenção dos seres humanos, concretos”, escreve o Presidente da República.

No semanário Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que "grande parte do país abriu os olhos para uma realidade que desconhecia" e que os eventos mudaram "a perceção, a compreensão e a atenção" do resto do país em relação às zonas do Interior.
 
Um ano depois da tragédia de Pedrógão Grande, onde morreram 66 pessoas e mais de 250 ficaram feridas, o Presidente da República dá até 2023 para resolver as desigualdades entre o interior e o litoral do país.
O Presidente da República vai estar em Pedrógão Grande durante o fim de semana para assinalar o primeiro ano após a tragédia.
Marcelo Rebelo de Sousa diz no Público que é preciso olhar para os “portugáis desconhecidos”, que estão “longe do pensamento daquilo que tem sido o Portugal dominante” na comunicação social, economia, sociedade e na política.  
 
O Presidente afirma, por fim, que a correção dos problemas ao nível de coesão territorial terá “um tempo muito limitado para se concretizar”.  
 
“Até ao fim da próxima legislatura se perceberá se somos ou não capazes de corrigir as assimetrias existentes, de ultrapassar as desigualdades que teimam em permanecer. É pois um desafio que começa na ponta final desta legislatura e que se prolonga para a próxima”, refere.

O Presidente da República diz mesmo que falhar esta meta é perder “uma oportunidade histórica” e condenar “alguns portugáis a serem muito ignorados, muito esquecidos, muito menosprezados”
 
“Isso significa que falhámos como país”, conclui Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado repete o mesmo prazo no Expresso. "Temos até 2023 para conseguir alterar esta realidade do desequilíbrio entre os vários portugáis. Só se enfrenta esta questão se houver um reequlíbrio económico e social, que permita ultrapassar as desigualdades enormes que existem".
 
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria) alastrou a concelhos e provocou 66 mortos e 253 feridos, sete dos quais graves. O fogo destruiu igualmente mais de 500 casas, 261 das quais habitações permanentes, e ainda meia centena de empresas.  
 
Meses depois, os incêndios de outubro na região Centro, a que o chefe de Estado também faz referência no texto publicado este sábado, fizeram 50 mortos e 70 feridos. Mais de 1500 casas ficaram total ou parcialmente destruídas e foram afetadas cerca de 500 empresas.
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