João Oliveira sublinha conquistas do PCP na Geringonça. São "a espinha atravessada na garganta do capital"

por RTP
António Cotrim - Lusa

No seu discurso durante o segundo dia do XXI do Congresso do PCP, o líder parlamentar dos comunistas, João Oliveira, recuou até ao XX Congresso, em 2016, o primeiro ano da Geringonça, para recordar o posicionamento e as conquistas do partido. João Oliveira sublinhou que as conquistas do PCP nos últimos quatro anos "são a espinha atravessa na garganta do capital".

“Os últimos quatro anos confirmam que no XX Congresso caracterizamos com rigor e acerto a nova fase da vida política nacional. Acertamos quando constatamos a importância de termos lutado para isolar política e socialmente o Governo PSD/CDS, interrompendo a sua ação destruidora e a política de agravamento da exploração e empobrecimento”, afirmou João Oliveira.

O líder parlamentar dos comunistas afirma ainda que o partido acertou quando “preveniu acertadamente” que apesar da força do PCP nessa “correlação de forças”, que o Governo PS era “orientado pelas opções de classe e compromisso com a política de direita e a dimensão daquilo que se podia alcançar dependia essencialmente da luta e da intervenção do PCP”.

João Oliveira lembra que há quatro anos, o partido alertou “para a necessidade de combater ilusões relativamente às opções do PS e sentimentos e atitudes de expectativa que partiam da ideia errada de que a Assembleia da República e o Governo se encarregariam de resolver os problemas e corresponder aos anseios dos trabalhadores sem que para isso fosse preciso lutar”.

Por muitas falsificações que ainda sejam tentadas, ficará para a história a reposição de direitos que se julgavam estar definitivamente perdidos e a conquista de outros que não se julgava possível alcançar. Ficará para a história a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo e ficará a espinha atravessada na garganta do capital por ter sido por influência, ação e iniciativa do PCP que tudo isso se conseguiu”, sublinhou João Oliveira.

O líder parlamentar dos comunistas disse ainda que o partido não tem “receio nem hesitação em assumir o contributo positivo” durante o período da Geringonça, justificando que estavam “convictos de que era isso que melhor servia os interesses dos trabalhadores e do povo e porque foi, de facto, um tempo de avanço, contrastando com décadas de medidas de retrocesso”.
"Não seremos o primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas"

Sobre o Orçamento do Estado para 2021, o líder parlamentar comunista apresentou algumas das medidas que a sua bancada conseguiu introduzir na versão final da proposta, destacando matérias como os investimentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), a contratação de profissionais para as forças de segurança e para a educação, aumentos das pensões mais baixas, o lay-off a cem por cento, os subsídios de desemprego e de risco, entre outras.

E deixou a entender que ainda faltará cumprir pelo executivo outras matérias extra-orçamento: "Continuamos a lutar por um aumento do salário mínimo nacional maior do que aquele que o Governo anunciou [659 euros], para que sejam revogadas as normas gravosas da legislação laboral e se avance para um aumento geral dos salários, incluindo a administração pública".

Depois de ter reivindicado estes "avanços" no Orçamento, João Oliveira procurou assegurar que, ao abster-se na votação, a bancada comunista "agiu com total liberdade e independência, distanciando-se das opções que o Governo assumiu, mas não desperdiçando o que a luta dos trabalhadores e a intervenção do PCP permitiram que se alcançasse".

O líder parlamentar do PCP reitetou que a abstenção foi tomada com "total liberdade",mas advertiu que o seu partido nunca será "o primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas".

"Não falta quem queira limitar e condicionar a liberdade e independência do PCP, uns procurando que o partido lhes sirva de instrumento na estratégia para retomar ainda com mais força a política de exploração e empobrecimento interrompida em 2015; outros procurando condicionar o PCP na denúncia das opções da política de direita que comprometem o futuro do país", declarou o presidente do Grupo Parlamentar comunista.

c/Lusa
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