"Maior rigor e disciplina". César apela a avaliação de eventual "refrescamento" no Governo

Estão a faltar ao Governo rigor, disciplina e até uma eventual remodelação. É este o diagnóstico traçado, em entrevista ao jornal Público, pelo presidente do Partido Socialista. Carlos César não vê motivos, por agora, para a saída de João Galamba do Ministério das Infraestruturas, mas sugere a António Costa a avaliação de um possível “refrescamento”.

Carlos Santos Neves - RTP /
“Estes factos que têm ocorrido têm que ser evitados” Pedro Rosário - Lusa (arquivo)

“Estes factos que têm ocorrido têm que ser evitados. A coordenação interna do Governo melhorou bastante, sobretudo com as últimas modificações, até orgânicas”, afirma Carlos César.

“Mas é importante que o primeiro-ministro se mantenha com grande atenção para a necessidade de ver, ministério a ministério, sector a sector, se há ou não necessidade de algum refrescamento”, acrescenta o dirigente socialista.“O Governo tem na sua mão um mandato para cumprir e deve fazê-lo de forma a revalorizar a sua ação através de correções, que tanto podem ser na sua composição como na tipologia da sua intervenção pública e no tratamento de vários temas e nos seus procedimentos, para uma demonstração de resultados”, propugna Carlos César.

Quanto à necessidade de uma remodelação do Executivo, em face da sucessão de polémicas das últimas semanas, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores sustenta que há “bons ministros e boas ministras”, embora admita que “alguns desses ministros ou ministras não cumpriram as expectativas”. “Outros superaram-nas”, afirma.

“Essa avaliação deve ser feita pelo primeiro-ministro que trabalha diariamente com eles. Na maior parte dos casos, este é um Governo com bons ministros. Agora, que o primeiro-ministro deve estar atento - e quanto mais conturbada é esta situação do ponto de vista mediático mais atento deve estar - a todos os sinais que constituindo modificações do Governo possam também modificar este ambiente que circunstancialmente não é muito positivo para o Governo”, exorta César.
O caso de João Galamba e Frederico Pinheiro

Relativamente ao caso que envolveu a exoneração de Francisco Pinheiro, adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba, Carlos César diz que importa “ultrapassar todos estes casos rapidamente”.

“O Governo tem de evitar casos como este, talvez usando maior rigor e maior disciplina sob pena de ser penalizado no final da legislatura. Há uma coisa que é incontornável e que não vale a pena iludir. Neste dossier da TAP há procedimentos imprudentes e inapropriados no tratamento de diversos aspetos e detalhes”, faz notar.

César não encontra, ainda assim, motivos para afastar João Galamba de funções governativas. Algo que só admitiria se o ministro tivesse mentido ou cometido outro ato de gravidade.

Não tenho razões para não acreditar [na posição de João Galamba]. Um ministro quando se dirige aos portugueses, na forma escrita e com a solenidade que usou, e descreve um conjunto de factos com as qualificações que vimos, nem sequer se arriscaria a mentir ou a deturpá-los porque isso então seria duplamente grave”, conclui.

c/ Lusa
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