Marcelo e o caso de Galamba. "A primeira pessoa a quem vou falar é o primeiro-ministro"

O presidente da República argumentou este sábado, durante uma deslocação à Ovibeja, não estar ainda em condições de se pronunciar detalhadamente sobre o teor da conferência de imprensa de João Galamba. Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que, uma vez ao corrente de todo o dossier, falará, em primeiro lugar, com o primeiro-ministro, António Costa.

Carlos Santos Neves - RTP /
“A primeira pessoa a quem eu vou falar é ao primeiro-ministro” Nuno Veiga - Lusa

“Estão a referir-se àquilo que aconteceu ontem e que continuou hoje. Continuou estava eu já aqui em plena Ovibeja e portanto não tenho informação completa sobre a matéria”, começou por responder o chefe de Estado, questionado pelos jornalistas sobre as declarações de João Galamba.

“Quanto tiver, a primeira pessoa a quem eu vou falar é ao primeiro-ministro”, asseverou.
“Não estou em condições de ter acompanhado o que se passou, tudo, mas a primeira pessoa a quem eu vou falar é ao primeiro-ministro”, insistiu o presidente.

Ao início da tarde, o ministro das Infraestruturas sustentou reunir ainda “todas as condições” para permanecer no Governo, negando quaisquer contradições.

“Eu entendo que tenho todas as condições para participar neste Governo e estou aqui de facto como ministro das Infraestruturas neste Governo”, vincou João Galamba, na sequência do caso da divulgação de notas de Frederico Pinheiro, adjunto exonerado.
“Os factos mostram que não se trata aqui de haver versões contraditórias”, quis enfatizar o ministro, para acrescentar: “Os factos são claros, diria mesmo cristalinos, e demonstram à sociedade os esforços de todos os elementos da minha equipa, nas insistências reiteradas para que tudo fosse recolhido”.
“Diversas testemunhas”
Ainda de acordo com Galamba, depois da audição da ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, na comissão parlamentar de inquérito - sede em que foi revelada uma reunião com o grupo parlamentar do PS e elementos de gabinetes do Governo, antes de uma anterior audição na comissão de Economia, em janeiro - a chefe de gabinete do Ministério das Infraestruturas convocou uma reunião tendo em vista “recolher toda a informação existente”. Isto a 5 de abril.

Nesta reunião, segundo o ministro, foi pedido aos membros do gabinete que acompanharam a reunião de janeiro que facultassem todos os dados aí recolhidos.O ex-adjunto acusa o Ministério das Infraestruturas de pretender omitir informações à comissão de inquérito à TAP sobre a “reunião preparatória” com a ex-presidente executiva da companhia.

“Por esta ocasião, nenhum dos membros na reunião deu indicação de existirem quaisquer elementos documentais, nem sequer de ter havido qualquer combinação de perguntas e respostas”, prosseguiu Galamba, acrescentando que há “diversas testemunhas que podem corroborar”.

A 24 de abril, dia em que se esgotava o prazo de entrega da informação pedida pela comissão de inquérito ao Ministério das Infraestruturas, Frederico Pinheiro informou a técnica Cátia Rosas de que disporia de notas da reunião. João Galamba alega que, uma vez que tais notas não foram entregues, o Ministério viu-se forçado a pedir a prorrogação do prazo até 26 de abril, “para que fosse possível enviar a resposta com todos os elementos”.

O titular da pasta das Infraestruturas garante que, depois do envio das notas do então adjunto ao gabinete, a informação foi remetida à CPI: “O Ministério das Infraestruturas nunca quis ocultar a existência de quaisquer notas à CPI, antes pelo contrário, uma vez que o Ministério das Infraestruturas pediu a prorrogação do prazo precisamente para poder enviar toda a informação”.
“Com medo”
Já depois da exoneração de Frederico Pinheiro, no retorno de uma viagem oficial a Singapura, descreveu o ministro, o adjunto deslocou-se às ao Ministério “procurando levar o computador de serviço” e “recorrendo à violência junto de uma chefe de gabinete e de uma assessora”.


Foto: Fernando Andrade - RTP

Na sequência deste incidente, que terá levado cinco pessoas a fecharem-se numa casa de banho do Ministério “com medo”, nas palavras do ministro, foram contactadas a Polícia Judiciária e o Serviço de Informações de Segurança, dado que Frederico Pinheiro levou o computador de serviço com informações classificadas.
Comunicação articulada com o topo

Durante a conferência de imprensa da tarde deste sábado, João Galamba afirmou também que reportou ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o alegado roubo do computador por parte do adjunto exonerado, tendo-lhe sido dito comunicasse o sucedido ao SIS e à Polícia Judiciária.

“Eu não estava no Ministério quando aconteceu a agressão à minha chefe de gabinete e à minha adjunta. Liguei imediatamente ao senhor primeiro-ministro. O senhor ministro estava, penso que a conduzir, e não atendeu. Liguei ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro a quem reportei este facto. Julgo que estava ao lado do secretário de estado, também junto do primeiro-ministro, da Modernização Administrativa”, relatou.
Aquilo que lhe foi transmitido, disse o governante, foi que “devia falar com a ministra da Justiça”. O que assegura ter feito: “Reportei o facto e disseram-me que o meu gabinete devia comunicar estes factos àquelas duas autoridades, coisa que fizemos”.

c/ Lusa
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