Marcelo confessa surpresa pela resistência da fórmula de Governo Costa

por RTP
Adriano Machado - Reuters

Em entrevista concedida ao noticiário da TVI, o presidente da República mostrou-se rendido à capacidade do Governo para resistir, e também para cumprir com alguns objectivos orçamentais e compromissos internacionais.

Durante a entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa, interrogado a propósito da tensão que houve entre ele próprio e o Governo a propósito da Caixa Geral de Depósitos, desmentiu que esse tivesse sido o momento mais difícil na relação entre os dois órgãos de soberania.

Segundo o presidente, houve momentos muitos mais complicados do que esse. Deu como exemplos a expectativa que houve quando entrou em funções, sobre o dilema de dissolver ou não o Governo; ou a incerteza sobre a aprovação dos Orçamentos do Estado, primeiro para 2016, depois para 2017, que parecia colocar ao Governo um limite de existência no Outono; ou ainda a discussão sobre a concertação social.

O presidente diz ter aprendido a relativizar as questões, porque dificuldades que num momento parecem muito graves, em perspectiva podem não o ser.

Relativamente ao Governo, Marcelo Rebelo de Sousa confessa-se surpreendido como a capacidade de resistência que este demonstrou e confessa não ter pensado inicialmente que o Governo conseguisse cumprir os compromissos internacionais e a trajectória do défice
Evitar crise política
O Presidente da República esclareceu ter querido evitar crise política similar à de 2013, após demissão do então Ministro das Finanças, referindo-se à polémica entre Mário Centeno e a anterior administração da Caixa Geral de Depósitos.

Na entrevista à TVI, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que terá o mesmo comportamento de apoio ao executivo, qualquer que ele seja, embora reconhecendo ter ficado surpreendido pela resiliência dos atuais acordos bilaterais entre PS e BE, PCP e "Os Verdes".

"Em 2013, num contexto menos agitado, o Ministro das Finanças pediu a demissão. Isso provocou a demissão do líder do segundo partido do Governo. Uma tentativa do Presidente, Cavaco Silva, de tentar chegar a acordo com o líder da oposição, que se frustrou. Um longo período de crise na recomposição do Governo e o eco nos mercados financeiros", descreveu.

Mais tarde, novamente confrontado com o assunto, Rebelo de Sousa voltou a referir "razões ponderosas de interesse nacional para ter aceite a posição do primeiro-Ministro em termos de exercício de funções do ministro das Finanças mas admitiu que "ficou claro que não foi assim, assim e assim", como o Presidente da República tinha dito que devia ser, apesar de a sua posição ter ficado "clara".

"Apoio este Governo como apoiarei qualquer Governo durante o meu mandato, que os portugueses venham a eleger nas próximas legislativas. É um dever constitucional do Presidente da República criar todas as condições para o Governo poder realizar as suas metas", garantiu, confrontado com alegada proximidade do executivo socialista.Prioridades de Marcelo

Para o Chefe de Estado, as únicas condições que impõe são as prioridades que o próprio apresentou na campanha eleitoral: "estabilidade política", "consolidação do sistema financeiro", "compromissos internacionais", nomeadamente o défice público, e a "concertação social".

"Hoje, o Governo é presidido por António Costa. Amanhã é presidido por ele ou Passos Coelho, qualquer primeiro-ministro, é meu dever fazer o mesmo que faço agora", vincou.

c/ Lusa


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