Militantes do PSD chamados a decidir a sucessão de Passos

por Cristina Sambado - RTP
As eleições decorrem entre as 14h00 e as 20h00 em 396 mesas de voto distribuídas por Portugal continental, Açores, Madeira, Europa e fora da Europa Mário Cruz - Lusa

Mais de 70 mil militantes social-democratas escolhem este sábado o novo presidente do PSD. Rui Rio e Pedro Santana Lopes são os protagonistas das oitavas eleições diretas do agora principal partido da oposição.

As eleições decorrem entre as 14h00 e as 20h00 em 396 mesas de voto distribuídas por Portugal continental, Açores, Madeira, Europa e fora da Europa. Cerca de 2.800 pessoas estão envolvidas no processo eleitoral.

Segundo a secretaria-geral do PSD, os militantes com quotas pagas até 15 de dezembro (data de encerramento dos cadernos eleitorais) e que podem votar são 70.385. Um universo eleitoral semelhante ao de outras diretas no partido.

Dos 70. 385 militantes, cerca de 63 por cento são homens (45.038). Em relação às faixas etárias, a maioria dos militantes (25.134) tem entre 18 e 40 anos, 24.753 estão entre os 41 e 60 anos e 20.498 mais de 61.

Nas diretas, são também eleitos os delegados ao próximo Congresso, que vai decorrer em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro, e 38 secções concelhias.
Oitavas eleições diretas
As eleições diretas no PSD foram introduzidas em 2006 pelo então presidente do partido, Luís Marques Mendes. Desde então, os militantes já foram por oito vezes chamados às urnas para eleger o novo presidente.

As diretas mais renhidas foram disputadas em 2008, com quatro candidatos na corrida à liderança do PSD: Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes e Patinha Antão. A diferença de pontos percentuais entre o primeiro e o terceiro candidatos foi inferior a dez. A antiga ministra da Educação e das Finanças foi eleita com 37,9 por cento dos votos, seguindo-se Passos Coelho com 29,6 por cento e Santana Lopes em terceiro, com 29,6 por cento. Patinha Antão obteve 0,68 por cento dos votos. Até 2006 o presidente do PSD era eleito em congresso.


Em quatro das eleições diretas houve apenas um candidato a presidente do partido. Marques Mendes foi o primeiro líder social-democrata a ser eleito por este método.

Em 2007, pela única vez as diretas foram disputadas por dois candidatos: Marques Mendes e Luís Filipe Menezes, que o segundo venceu com uma diferença de dez pontos percentuais.

Nas eleições diretas em que houve mais do que um candidato a líder, o universo eleitoral situou-se entre os 63 mil, em 2007, e os 78 mil em 2010.

Nas primeiras, a 5 de maio de 2006, estavam inscritos cerca de 55 mil eleitores, tendo votado apenas perto de 20 mil. Marques Mendes era o único candidato.



Em 2007, quando os candidatos à liderança foram Marques Mendes e Luís Felipe Menezes, o universo eleitoral subiu para 63.042 eleitores e o número de votantes foi de 39.353. Menezes foi eleito com 21.101 votos (53,62 por cento).



No ano seguinte, com quatro candidatos (Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes e Patinha Antão), o número de eleitores e de votantes voltou a subir - 77.090 eleitores, dos quais 39.353 votaram. Manuela Ferreira Leite foi a escolhida por 12.278 dos militantes (37,90 por cento).



Em 2010, voltaram a ser quatro os candidatos à presidência do PSD (Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros). Regista-se um recorde de eleitores 78.094, os votantes ficam nos 51.748. Pedro Passos Coelho foi eleito com 14.160 votos (61,20 por cento).



Em 2012, 2014 e 2016 Passos Coelho foi sempre o único candidato e o número de eleitores rondou os 50 mil, enquanto que o número de votantes andou perto dos 20 mil. 


Sete líderes chegaram a São Bento
O PSD, que em média muda de líder a cada dois anos e meio, já produziu sete primeiros-ministros e dois presidentes da República.

Cavaco Silva foi o líder que mais tempo esteve à frente do partido, durante dez anos, seguido de Pedro Passos Coelho, que completa quase oito anos como presidente do PSD.

Do lado oposto estão Emídio Guerreiro (entre maio e setembro de 1975), Sousa Franco (janeiro a julho de 1978), Menéres Pimentel (julho de 1978 a abril de 1979), Rui Machete (fevereiro a maio de 1985) e Pedro Santana Lopes (novembro de 2004 a abril de 2005).

Santana Lopes poderá, no entanto, se vencer estas diretas, ser o segundo líder a repetir o cargo em períodos de tempo intercalados, um feito até agora só alcançado por Francisco Sá Carneiro.

Das 17 personalidades que lideram o PSD, seis já morreram – Sá Carneiro, Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Menéres Pimental, Nuno Rodrigues dos Santos e Carlos Mota Pinto.

Em quase 44 anos de história, apenas uma mulher liderou o PSD: Manuela Ferreira Leite.

Sete presidentes foram primeiros-ministros (Francisco Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Mota Pinto, Cavaco Silva, Durão Barroso e Passos Coelho), uma percentagem superior a 41 por cento total dos líderes sociais-democratas.

Dois líderes do PSD foram eleitos presidentes da República: Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.

Apenas Emídio Guerreiro e Nuno Rodrigues dos Santos não tiveram qualquer experiência governativa.

Em média os líderes do PSD tinham perto de 50 anos quando assumiram funções. António Sousa Franco foi o presidente mais jovem, tinha apenas 35 anos quando foi eleito. O mais velho foi Emídio Guerreiro, o único presidente do PSD nascido no século XIX (em 1899), que assumiu funções com 75 anos.

Além de Emídio Guerreiro, só Nuno Rodrigues dos Santos e Manuela Ferreira Leite ocuparam os cargos com idades superiores a 60 anos: 72 e 67, respetivamente.

Os dois candidatos que agora concorrem à liderança do partido já passaram a barreira dos 60 anos. Pedro Santana Lopes tem 61 e Rui Rio 60.

c/ Lusa
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