Montenegro indigitado leva mensagem a Bruxelas. "Não há razão para colocar em causa a estabilidade"

por Carlos Santos Neves - RTP
Miguel A. Lopes - Lusa

Horas depois de ter sido indigitado como primeiro-ministro pelo presidente da República, Luís Montenegro reuniu-se na manhã desta quinta-feira com a presidente da Comissão Europeia. O número um da Aliança Democrática adiantou ter asseverado a Ursula von der Leyen não haver "nenhuma razão" para inquietações com a estabilidade política de Portugal.

"Não há nenhuma razão para colocar em causa a estabilidade do país, a estabilidade de uma solução de governo, que, embora não disponha de maioria absoluta na Assembleia da República, dispõe da confiança dos eleitores", sustentou Luís Montenegro aos jornalistas portugueses em Bruxelas.O primeiro-ministro indigitado esteve reunido com Ursula von der Leyen, cabeça de lista pelo Partido Popular Europeu para as próximas eleições europeias, durante aproximadamente 15 minutos.


"Não há nenhuma razão, nem interna nem externa, para se duvidar da capacidade de um governo estável, que cumpra com responsabilidade todos os seus compromissos com os eleitores portugueses, aqueles que fizeram uma escolha de mudança no dia 10 de março, e também com as instituições internacionais, à cabeça das quais está a União Europeia", insistiu Montenegro. 

"Tive ocasião de lhe explicar o contexto em que fui indigitado primeiro-ministro e estou, neste momento, empenhado em apresentar ao senhor presidente da República uma proposta de composição do governo", rematou.

O primeiro-ministro indigitado quis ainda garantir à presidente da Comissão Europeia que haverá uma execução célere do Plano de Recuperação e Resiliência, numa tentativa, disse, de "recuperar atrasos".

"Eu espero que não [se percam verbas], embora saibamos que alguns compromissos que o Governo português assumiu que não estão ainda cumpridos, que já foram causa de atraso no desembolso de algumas tranches e sabemos que haverá uma que estará disponibilizada no final deste mês de março", fez notar.

"Espero que não haja nenhum problema quanto ao cumprimento dos compromissos que ainda dependem exclusivamente do Governo que está em funções", acentuou.


Montenegro indicou ter falado com Von der Leyen de "questões específicas, como se tentar recuperar os atrasos que há na execução do PRR". Luís Montenegro está em Bruxelas para participar na cimeira do PPE. Indigitado por Belém ao início da madrugada, o líder da AD irá apresentar a composição no XXIV Governo no dia 28 de março e a tomada de posse será a 2 de abril.

"Foi uma das matérias que esteve em cima da mesa na conversa que tivemos hoje e que será um ponto fundamental da nossa ação depois de assumirmos o Governo. Às vezes, dá-se um panorama muito otimista sobre alguns dossiês e esse é um deles. A verdade é que há atrasos que nunca foram recuperados e há também o desejo que tenho de podermos usar esse impulso de financiamento para podermos dinamizar a nossa atividade económica por forma a termos um ciclo de crescimento mais duradouro e podermos atrair e reter talento em Portugal".

Luís Montenegro avistou-se entretanto com o primeiro-ministro cessante, António Costa, na capital belga, na antecâmara das reuniões das respetivas famílias políticas europeias.Costa e o líder laranja encontraram-se num hotel próximo da Comissão Europeia.

"Não foi combinado, mas convergiu", afirmou António Costa diante dos jornalistas. O líder socialista convidou então o social-democrata para um café no hotel.

António Costa esteve, por sua vez, reunido com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, no quartel-general da organização.

c/ Lusa
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