Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

PCP tem novo Comité Central eleito com 97 por cento dos votos

por RTP
O Comité Central do PCP, assinalou o seu Secretariado, “mantém uma ampla maioria de operários e empregados” e vê “ligeiramente” aumentado o número de mulheres Tiago Petinga, Lusa

Está definida a composição do novo Comité Central do PCP, um órgão que “mantém uma ampla maioria de operários e empregados”, vê crescer “ligeiramente” o número de mulheres que o integram e preserva a média de idades “na casa dos 47 anos”, segundo a síntese das estruturas dirigentes do partido. O órgão cimeiro dos comunistas foi eleito durante a última noite, à porta fechada, com os votos favoráveis de 97 por cento dos delegados ao XIX Congresso, em Almada. Houve 14 votos contra e 21 abstenções. Números superiores aos de há quatro anos.

Votaram 1219 dos 1241 delegados ao XIX Congresso do PCP. Houve 1184 votos a favor da composição do novo Comité Central. Uma maioria esmagadora. Mas houve também 14 votos de sinal contrário e 21 abstenções. No anterior Congresso, há quatro anos, o órgão fora definido com apenas oito votos contra e 17 abstenções.
O novo Comité Central, indicou Luísa Araújo, “mantém uma ampla maioria de operários e empregados, com uma forte componente operária, e aumentou ligeiramente o número e a percentagem de mulheres”.

O resultado da votação, que decorreu na noite de sábado, seria anunciado aos jornalistas por Luísa Araújo, do Secretariado do Comité Central. Esta estrutura, resumiu a responsável, “mantém uma ampla maioria de operários e empregados” e acresce “ligeiramente” a representação feminina. A média de idades mantém-se “na casa dos 47 anos”.

Sem mais detalhes, Luísa Araújo revelaria que, durante a discussão à porta fechada, foram acrescentados dois nomes à lista submetida a votação. O Comité Central integra agora 152 membros, menos quatro face à anterior composição. Entre os 26 novos elementos figuram os eurodeputados Inês Zuber e João Ferreira e o deputado João Oliveira.

Da primeira reunião do novo Comité Central, realizada logo após a sua eleição, emanaram as composições do Secretariado, da Comissão Política e da Comissão Central de Controlo. Assim como a recondução de Jerónimo de Sousa como secretário-geral para os próximos quatro anos. Resultados para oficializar este domingo na sessão de encerramento do XIX Congresso.
Congresso da alternativa “patriótica e de esquerda”

A garantia de um combate político sem quartel pelo derrube do Governo de Pedro Passos Coelho foi a ideia mais repetida no Congresso comunista. O caminho, ouviu-se nas principais intervenções de fundo, passará pela procura de uma alternativa “patriótica e de esquerda”. Em diálogo “natural”, mas sem compromissos oficiais, com o Bloco de Esquerda. E a acentuar a pressão em torno de um PS que, para o PCP, deve pôr de parte “a sua identificação com a política de direita”.

Isso mesmo foi ontem reiterado por Jerónimo de Sousa. Em entrevista à RTP, a meio do segundo dia de trabalhos no Pavilhão dos Desportos de Almada, o secretário-geral do PCP insistia na necessidade de levar o país para eleições antecipadas. Porque o Governo, justificou, pode dispor de uma “maioria que tem legalidade”, mas “a legitimidade já não a tem”: “Ganhou votos, ganhou apoios, com promessas, com objetivos que levaram muita gente ao engano”.Uma das intervenções mais marcantes do segundo dia do XIX Congresso do PCP foi assinada por Agostinho Lopes, que sugeriu que um futuro governo “patriótico e de esquerda” deveria “preparar o país para a saída da Zona Euro”.

“Há duas ilusões a evitar, a de que é possível uma política alternativa com a manutenção do euro e mais federalismo, como querem o PS e o Bloco de Esquerda, e a ideia de que tudo se resolve com uma saída pura e simples do euro, qualquer que seja a forma como se sai e as condições de saída”, advertiu o deputado comunista.

Mesmo assim, acentuava Agostinho Lopes na manhã de sábado, seria necessário preparar Portugal para uma “reconfiguração da Zona Euro, nomeadamente a saída da união económica e monetária, por decisão própria ou crise na União Europeia, salvaguardando os interesses” do país.


“Não se trata aqui de uma birra, ou de estar contra um governo por estar contra. O nosso Congresso está a analisar a situação atual. Peguemos por onde pegarmos, recessão, dívida, défice, desemprego, ruína de muitas empresas e de muitos empresários, juventude sem futuro, o que é que é preciso mais para colocar esta questão central da necessidade de mudarmos de rumo?”, acentuou.

De baterias apontadas ao principal partido da Oposição, Jerónimo voltou a verberar os socialistas por, “em relação a grandes questões estruturantes”, manterem “a sua identificação com a política de direita”, embora se “afirmem de esquerda”.

As farpas comunistas mereceriam mais tarde uma réplica do secretário-geral do PS. À margem de uma iniciativa partidária em Gondomar, António José Seguro começou por dizer que não tinha “ouvido” o que se passara no Congresso do PCP, para acrescentar que “o diálogo” e “a primeira coligação” do seu partido seriam “com os portugueses”.

“O PS dialoga com todas as forças políticas, mas não abdica dos seus princípios e das suas convicções. Queremos que Portugal continue na Zona Euro e queremos que Portugal continue na Europa. O PS não é um partido irresponsável e a nossa alternativa baseia-se em valores, em princípios, em propostas concretas para resolver os problemas dos portugueses”, rematou Seguro.
pub