Política do Governo seria diferente sem apoio da esquerda, diz Carlos Carvalhas

por Antena 1
Foto: Antena 1

Em entrevista à Antena 1, Carlos Carvalhas acredita que o Governo socialista teria uma política muito diferente caso não tivesse o apoio parlamentar dos partidos de esquerda.

O antigo líder do PCP acredita que o primeiro-ministro acabaria por ceder às pressões da direita e também de alguns setores dentro do próprio Partido Socialista. Exemplifica com os artigos de Francisco Assis e Paulo Rangel no Público, comentando que ninguém daria conta se as assinaturas estivessem trocadas.

Carlos Carvalhas avisa ainda para uma possível nova crise, dentro de poucos anos, idêntica à que aconteceu em 2008, e considera mesmo que "os sinais estão à vista", nomeadamente com excesso de liquidez.

Em entrevista à jornalista Maria Flor Pedroso, o antigo secretário-geral do PCP e membro atual do Comité Central afirma que a saída do Euro "não é determinante para apoiar o atual Governo". Não é uma questão ideológica, garante, mas porque "sai cara" e é um regresso ao século XIX.

No entanto, rejeita a possibilidade de referendo apenas por causa da reacção dos mercados. Com os níveis de dívida a situação seria de "especulação". Mas aponta vantagens à saída da moeda única, uma vez que a dívida ficava mais barata, já que seria paga numa "moeda desvalorizada".

Carvalhas explica nesta entrevista à Antena 1 o que faria caso o PCP fosse Governo para sair do Euro: o primeiro passo seria "colocar a questão na UE e no BCE", considerando que essa ideia "não é tão esdrúxula assim uma vez que o BCE já fez estudos sobre as consequências da saída de um país".

Até exemplifica, com uma iniciativa do parlamento holandês que aprovou por unanimidade um relatório sobre a saída da Holanda do Euro, bem como, no caso da reestruturação da dívida, com a recente posição de António Saraiva, presidente da CIP, de apoio. Carlos Carvalhas refere que, no caso do PS, "o tempo se encarregará de desvanecer as ilusões federalistas do PS"

Em entrevista à rádio pública, Carlos Carvalhas mostrou-se um pragmático, reafirmando que o PCP defende um outro tipo de sociedade, o socialismo, mas que não exclui uma situação de capitalismo com "aumento de salários", o que justifica o apoio ao atual Governo.

Carvalhas sugere ainda que o Governo peça factura a Wolfgang Schaüble, ministro alemão das Finanças, que tantas vezes de resgate referindo-se a Portugal.
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