Presenças. PGR analisa caso do deputado José Silvano

por Cristina Sambado - RTP
Ainda na quarta-feira José Silvano assinou a folha de presença da comissão eventual para a Transparência, mas não assistiu à reunião António Pedro Santos - Lusa

A Procuradoria-Geral da República revelou na última noite que está a analisar o caso do deputado e secretário-geral do PSD José Silvano, tendo em vista apurar se “há algum procedimento a desencadear”. O deputado social-democrata está envolvido na polémica sobre falsas presenças em plenários do Parlamento.

“A Procuradoria-Geral da República encontra-se a analisar os elementos vindos a público com vista a decidir se há algum procedimento a desencadear no âmbito das competências do Ministério Público”, refere uma nota do gabinete de Lucília Gago, citada pela Lusa.

Ainda na quarta-feira José Silvano assinou a folha de presença da comissão eventual para a Transparência, mas não assistiu à reunião. O deputado chegou às 14h00, hora do início da reunião, assinou a lista de presenças e, sem se chegar a sentar, abandonou a sala onde decorreu a reunião, que se prolongou até às 16h00.

Cerca das 16h30, quando questionado nos corredores da Assembleia da República pela agência Lusa e pela revista Sábado sobre os motivos da ausência, Silvano afirmou que tinha estado a realizar trabalho político, sem especificar qual.

O dirigente laranja também não explicou como foi usada a sua password para registar presenças em plenário em dias em que este ausente. Afirmou apenas “não ter mais nada a explicar” e acrescentou que estava de “consciência tranquila e com mais energia para continuar”. Rui Rio evitou esta quarta-feira a responder às perguntas sobre José Silvano, dirigindo-se em alemão aos jornalistas, à margem do congresso do PPE em Helsínquia.

No sábado, o jornal Expresso noticiou que José Silvano não faltou a nenhuma das 13 reuniões plenárias realizadas em outubro, apesar de em pelo menos um dos dias ter estado ausente. Uma informação falsa, admitiu o deputado mais tarde ao jornal, dado que na tarde de 18 de outubro estava no distrito de Vila Real ao lado de Rui Rio, líder do PSD, a cumprir um programa de reuniões que começaram às 15h30.

No entanto, alguém registou a presença de José Silvano logo no início da sessão plenária, quando passavam poucos minutos das 15h00.

Na terça-feira o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, pediu explicações aos serviços do Parlamento sobre alegadas discrepâncias nos registos de presenças do deputado e secretário-geral do PSD, que concluem que outra pessoa terá usado a sua palavra-passe.

Ao final da tarde desse mesmo dia, José Silvano rejeitou, em comunicado, que se tenha aproveitado de dinheiros públicos, sem explicar como existe uma falsa presença sua em plenário registada no Parlamento nem como a sua password foi usada por terceiros.

No documento, o deputado e secretário-geral do PSD afirma também que já enviou um requerimento à Assembleia da República para que lhe sejam registadas faltas nas sessões plenárias de 18 e 24 de outubro.
“Palavras não são como iogurtes”
Na quarta-feira, em Helsínquia, o presidente do PSD, Rui Rio, reiterou que a sua posição sobre o secretário-geral do partido permanece inalterada, dois dias depois de assegurar que mantém a confiança política em José Silvano.

"As minhas palavras não são como os iogurtes, que têm validade de 30 dias. As minhas palavras têm uma validade prolongada, só se alteram quando se alteram as circunstâncias. Portanto, tudo o que eu disse ontem ou anteontem está válido", afirmou Rui Rio à chegada ao Congresso da Partido Popular Europeu, que está a decorrer em Helsínquia.

O presidente do PSD reiterou que tudo o que disse sobre o seu secretário-geral permanece “válido”.

"É rebobinarem e têm o que eu disse. Há políticos em que os prazos de validade são inferiores aos do iogurte. As minhas palavras têm sempre uma validade muito prolongada", repetiu, insistindo nada ter "a acrescentar nem a retirar".

c/ Lusa
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