PS mantém como objectivo a maioria absoluta

por Eduardo caetano, RTP
Sòcrates e a Comissão Política do PS analisaram resultados das europeias e estabeleceram estratégias para vencer as legislativas António Cotrim, Lusa

Admitindo a existência de "um certo desgaste" do Governo José Sócrates afirma-se empenhado numa "maioria parlamentar" que dê condições ao PS de governar e considera que o partido fez bem em assumir a derrota com humildade. Assumindo a unidade do partido, Sócrates fixa a necessidade de explicar as reformas aos portugueses.

Socialistas reuniram a Comissão Politica para analisar os resultados das eleições europeias que se pautaram por uma pesada derrota eleitoral.

Os dirigentes socialistas reunidos na sede nacional do Largo do Rato, estabeleceram metas e elegeram estratégias para enfrentar as próximas eleições legislativas que tudo indica irem ser marcadas pelo Presidente da República para o mês de Setembro.

Para o Primeiro-Ministro o que realmente vai estar em causa nas próximas eleições legislativas é saber "que primeiro-ministro é que os portugueses querem", e essa é uma "questão cada vez mais evidente".

Sócrates não deixou de dizer que na sua opinião, os socialistas fizeram "bem em assumir com humildade os resultados decepcionantes e a derrota eleitoral" no sufrágio do passado dia 7 de Junho.

Para esse resultado contribuiu "um certo desgaste do Governo em resultado de uma governação muito exigente e muito difícil com reformas muito ásperas e que foram feitas ao serviço do país". Essas reformas "podem ter causado um desgaste, muito visível nos resultados eleitorais", acrescentou.

O que importa na sua opinião, é olhar para a frente e o "que é fundamental" é explicar aos portugueses as reformas que o governo encetou nas áreas da educação, energia, ciência e segurança social, ao mesmo tempo que os socialistas deverão empenhar-se "na construção de uma solução política que enfrente a crise".

Como novidade regista-se o facto de José Sócrates questionado sobre se continuará a pedir uma maioria absoluta, afirmar que pedirá uma "solução de maioria parlamentar".

"O PS empenhar-se-á para uma solução de maioria parlamentar que dê ao Partido Socialista condições para governar", respondeu. Nuance interessante mas o certo é que notada pelos jornalistas e chamado disso à atenção, o primeiro-ministro afirmou que maioria parlamentar corresponde à maioria absoluta pois é essa que permitirá ao Governo exercer o seu mandato com estabilidade.

"Nós queremos uma maioria parlamentar que permita ao PS governar sozinho. Uma maioria parlamentar é uma maioria absoluta, que eu saiba, a não ser que haja outra maioria parlamentar que permita governar sozinho", afirmou José Sócrates.

Contra a "direita neoliberal e a esquerda demagógica"

A Comissão Política do PS definiu estratégias para enfrentar o acto eleitoral de Setembro em que os portugueses serão chamados a escolher um Governo e um Primeiro-Ministro.

Como linha de força da sua actuação nos próximos meses, os socialistas definiram um reforço do "combate político" contra uma "direita neoliberal" e uma "esquerda demagógica e populista".

Os vários dirigentes do partido rosa foram unânimes em reconhecer a existência de "eventuais erros" e a necessidade de terem "uma atitude de humildade" para os reconhecer e identificar.

Francisco Assis, líder da Federação distrital do Porto do partido deu o mote ao afirmar que "o importante é reforçar a dimensão política do nosso discurso e travar os combates que devem ser travados, nomeadamente o combate a uma direita que representa um modelo neoliberal falhado e um combate contra partidos à esquerda que representam uma forma de esquerda arcaica de partidos meramente tribunícios ou partidos demagógico-populistas", falando aos jornalistas.

Os socialistas admitem mesmo introduzir no programa de Governo, que vai ser preparado por uma equipa coordenada por António Vitorino, alterações a que chamam de inovações e transformações.

É novamente Francisco Assis que explica aos jornalistas que "não são correcções, são inovações e transformações que temos que fazer. Quando eu falo na necessidade de reforçar a dimensão política no combate que temos que travar isso é também alguma correcção a algumas coisas que não terão corrido tão bem no passado".

Como prioridades dos socialistas para os próximos meses estão a defesa da saúde e educação públicas bem como a defesa de um sistema de segurança social universal, áreas em que José Sócrates reclama que os socialistas apresentarão como marcas de uma "esquerda responsável".

Carlos César, líder do Governo Regional dos Açores, apontou o caminho afirmando ser indispensável que o PS tenha "mais abertura" e "retome a sua energia".

"Hoje foi um contributo, é indispensável pensar no programa do Governo, na abertura do PS, na retoma da sua energia. Tudo isso implica não só a convocação de outros níveis de intervenção do PS como também de outros sectores independentes, desavindos", disse.

No final da reunião que durou mais de quatro horas,, José Sócrates assegurava aos jornalistas que o "PS está unido" e "animado" na preparação dos próximos actos eleitorais.

"O que faz falta ao PS é concentrar-se nas tarefas que tem para a frente, de explicação do que foi feito, de uma atitude de humildade para reconhecer os erros que eventualmente tenhamos cometido e para os podermos corrigir em favor da afirmação de um projecto de esquerda democrática", reiterou o líder do Executivo.

Uma equipa para preparar as eleições

António Vitorino vai coordenar a equipa responsável pela elaboração do programa que o PS vai apresentar ao eleitorado nas próximas eleições legislativas. O ministro Vieira da Silva será o responsável pela organização da campanha eleitoral.

A campanha terá um porta-voz que será o secretário de Estado Adjunto da Justiça, João Tiago Silveira.

 

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