Rui Rio despede-se da liderança do PSD. "Há sempre princípio, meio e fim"

por RTP

Foto: Estela Silva - Lusa

"Na vida há um tempo para estar, para ficar e para sair ou, como diz o nosso povo, há um princípio , meio e fim", referiu o agora ex-líder dos social-democratas, concluindo que é necessário aprender a aceita-lo.

Num dos grandes discursos da primeira noite do 40º Congresso do PSD, Rui Rio sublinhou a necessidade de "saber entrar" com sinceridade na liderança, de "saber sair na altura certa" e de "saber" passar a pasta.

"Encaro com naturalidade a saída", garantiu.
"Espero que o PSD prossiga como sempre prosseguiu", rematou.

No seu último discurso ao fim de quatro anos e quatro meses como presidente do PSD, Rui Rio destacou números positivos do seu legado e fez um retrato negro da situação económica e política de Portugal.

O país "tem uma carga fiscal recorde" e apesar disso "o crescimento tem sido fraco", foram ideias base deixadas por Rio, que apontou o dedo a "muitos" que "são exemplos da degradação".

Rui Rui deixou ainda desafios e defendeu o seu legado, sublinhando que "compete ao poder político agir" e que, durante o seu mandato como presidente dos social-democratas, "propusemos a revisão da Constituição".

O ainda presidente do PSD, desejou igualmente que Luís Montenegro, o novo líder a partir de domingo, "tenha êxito no serviço a Portugal", numa tarefa em que admite conhecer as dificuldades.Rio fez votos para que o novo presidente eleito consiga construir uma alternativa social-democrata ao Governo do PS "em nome do partido, mas fundamentalmente em nome do interesse nacional".

"Sobre ele pesa a responsabilidade de uma tarefa de que eu, melhor do que ninguém, conheço as dificuldades que hoje lhe são inerentes", afirmou Rui Rio.

"O país tem de estar acima de tudo e os meus votos são para que o Luís Montenegro tenha êxito no serviço a Portugal que agora vai iniciar a partir da liderança da oposição", desejou.

O Congresso aplaudiu de pé a subida ao palco de Rui Rio, ao som do hino "Sou como um rio", que foi o mais tocado durante a sua liderança de 4 anos e meio, que termina este fim de semana.
"Despautério"

Rui Rio considerou igualmente "um despautério" a ideia que tentam passar na opinião pública de que o PSD "está a definhar", lamentando que o populismo não seja "um exclusivo das forças extremistas". "É precisamente esse mimetismo de muito fraca criatividade que tem tentado instalar na opinião pública a ideia de que o PSD está a definhar e em dificuldades para evitar o caminho para a sua irrelevância política", criticou Rui Rio na intervenção que fez no arranque do 40.º Congresso Nacional do PSD, que decorre até domingo no Porto.

No seu discurso de despedida, Rui Rio criticou o "despautério" destas considerações sobre "um partido político que governa as duas Regiões Autónomas de Portugal, os Açores e a Madeira, que preside a 113 câmaras municipais, que governa a capital do país, que tem mais do dobro das capitais regionais e de distrito do que o seu adversário direto, que tem um terço dos deputados da Assembleia da República, que tem mais de 1.200 presidentes de junta de freguesia, que ultrapassa os 13.000 autarcas eleitos nas suas listas e que tem mais de 50.000 militantes".

"Como é possível ter tão pouco respeito por si próprio, ao ponto de não se coibir de exibir publicamente o ridículo com tais afirmações", condenou.

O presidente cessante social-democrata referiu que "o PSD é desde 1974 um grande partido e, no futuro, continuará a ser o grande partido que sempre foi".

"Disso podemos estar certos, e não será por a distorcerem que a realidade deixará de o ser", assegurou.

Para Rio, "estar na política de forma séria e com espírito de missão é defender as suas ideias e as suas convicções, procurando, com nobreza, convencer os outros da sua bondade" e "não é contratar técnicos de marketing a peso de ouro para eles nos mandarem repetir o que o eleitor quer ouvir".

"É precisamente esta forma superficial de estar na vida pública, agravada com uma excessiva obediência à lógica mediática, que tem conduzido o País ao imobilismo reformista, à cobardia política e à degradação cultural e intelectual da intervenção pública - porque, infelizmente, o populismo não é um exclusivo das forças extremistas, nem do mimetismo que caracteriza a maior parte da opinião publicada", considerou.

Com Lusa
pub