Rui Tavares aconselha "cabeça fria e serenidade" entre críticas ao Presidente da República

por RTP
Rui Tavares, do Livre Pedro A.Pina - RTP

O porta-voz do Livre considera que Portugal vive uma "crise política com elementos de crise de regime" e aconselha "cabeça fria e serenidade" nos próximos tempos.

O líder do Livre explicou por isso, esta noite no Jornal 2 da RTP, que considera que o Presidente da República deveria ter esperado pela conclusão "do processo eleitoral" antes de começar a ouvir os partidos, como foi o seu caso esta tarde.
Depois da audiência, o Livre criticou aliás Marcelo Rebelo de Sousa por ouvir os partidos sem terem sido ainda contados os votos dos emigrantes, mesmo reconhecendo a "legitimidade" do presidente para o fazer.

Para Rui Tavares é cedo para se falar de um Governo da AD ou do PS, uma vez que não existe ainda o "cenário total" e que o voto dos emigrantes "pode mudar muita coisa".

À RTP, Rui Tavares frisou que não se devem tratar os votos dos emigrantes como "de segunda", lembrando problemas noutras eleições.

"Não se deve colocar o carro à frente dos bois",
opinou. "O processo eleitoral só fica concluído quando todos os votos tiverem sido contados", lembrou ainda, considerando que só isso justifica que as audiências já marcadas incluam não apenas os partidos mas as coligações, como a AD.
Governo à esquerda
O líder do Livre considerou ainda que, sobre a possibilidade do bloco dos partidos da esquerda poderem entender-se num executivo, "deve procurar formar Governo um campo político que seja o mais alargado e o mais coeso possível".

Esta "sempre foi a posição do partido", referiu, lamentando a "incerteza política" saída das eleições e recusando adiantar qualquer alternativa ou admitir compromissos futuros, mesmo defendendo um governo à esquerda.

Rui Tavares afirmou somente que não lhe foi ainda colocado qualquer cenário, lembrando que "ainda não foi indigitado um primeiro-ministro" uma vez que o Presidente da República "não tem os dados todos para o poder fazer".

"Não me cabe pronunciar-me sobre o que o líder político de outro partido decide", acrescentou, sobre a eventual precipitação de Pedro Nuno Santos, secretário-geral do partido Socialista, ao se ter assumido, na noite eleitoral, como líder da oposição, reconhecendo a vitória da Aliança Democrática liderada por Luís Montenegro.

Para Rui Tavares o país vive uma "crise política com elementos de crise de regime", agravada pela "subida de extremismos autoritários, que têm toda a legitimidade parlamentar" mas com quem ninguém quer governar, antecipando "grandes problemas".

"A melhor atitude é acreditar nos processos democráticos e segui-los", aconselhou, incluindo a contagem de todos os votos e só depois dos resultados finais se realizarem as audições a que "a Constituição obriga".

"Defender uma democracia como a nossa, que muito rapidamente passou de uma situação de instabilidade para uma de incerteza, é uma luta de todos os dias, exige cabeça fria e serenidade por parte de todos os partidos", aconselhou.

O Livre "serve, neste contexto", para demonstrar esta atitude de "crença na democracia", rematou.
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