Segurança interna a analisar em reunião de órgãos do Estado

por Carlos Santos Neves - RTP
Um operacional do Exército fecha um portão da base de Tancos, onde ocorreu o furto de material de guerra Paulo Novais - Lusa

Os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, da Administração Interna e da Justiça deslocam-se esta quarta-feira às instalações do Sistema de Segurança Interna para um ponto de situação, na sequência do roubo de material de guerra da base de Tancos.

A reunião, adianta o gabinete do primeiro-ministro numa nota citada pela Lusa, vai ser conduzida pela secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda.A reunião nas instalações do Sistema de Segurança Interna está agendada para as 15h00.


Além dos ministros Augusto Santos Silva – em substituição de António Costa, a gozar uma semana de férias -, Azeredo Lopes, Constança Urbano de Sousa e Francisca Van Dunem, o encontro contará com a presença de representantes da Procuradoria-Geral da República, Chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas, Sistema de Informações da República Portuguesa, GNR e PSP, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Serviço de Informações e Segurança e Serviço de Informações Estratégicas de Defesa.

Para quinta-feira, a partir das 18h00, está prevista a audição em sede de comissão parlamentar de Defesa Nacional do Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, segundo fonte parlamentar ouvida pela agência de notícias.

As audições do general Rovisco Duarte e do ministro da Defesa foram esta terça-feira aprovadas por unanimidade no seio daquela comissão. A iniciativa partiu do PSD. Azeredo Lopes irá à Assembleia da República na sexta-feira à tarde.“Procedimentos e condições”

Entretanto foi conhecido o conteúdo de um despacho assinado no passado domingo pelo ministro da Defesa, que estabelece um prazo de 60 dias para que a Inspeção-Geral da Defesa Nacional avalie “procedimentos e condições de segurança” nas componentes de armazenamento e equipamento das Forças Armadas.

No despacho Azeredo Lopes sublinha que, ao longo de vários anos, as Forças Armadas têm concentrado instalações destinadas à armazenagem e à manutenção de materiais. E assinala que os “ramos têm concebido” diferentes “sistemas de vigilância e ações”, tendo em vista acautelar a segurança física das instalações e “uma maior racionalidade dos recursos adstritos”.

A avaliação é sobretudo determinada pelo “grave incidente de quebra de segurança, com o furto de material de guerra à responsabilidade do Exército”.

O governante estabeleceu também um prazo de 30 dias para que os chefes dos ramos militares produzam um relatório “sobre as atuais condições de segurança das instalações militares sob sua responsabilidade, destinadas ao armazenamento de material de guerra, munições e explosivos”, atribuindo “desde já” a “prioridade às áreas relacionadas com a segurança do material de guerra, nomeadamente armamento e munições”.
Inquérito em curso
O Ministério Público confirmou esta terça-feira a abertura de um inquérito ao furto de armamento dos paióis de Tancos. A investigação incide sobre suspeitas de crimes de associação criminosa, tráfico internacional de armas e terrorismo internacional.

Foi na última quinta-feira que o Exército revelou o furto nos Paióis Nacionais de Tancos, com o arrombamento de dois paiolins. A violação dos perímetros de segurança daquelas instalações militares havia sido detetada na véspera.

Desapareceram granadas de mão ofensivas, munições de calibre 9 milímetros, granadas de foguete anticarro, granadas de gás lacrimogéneo e explosivos.
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