Marcelo minimiza ideia de contradição entre o 25 de Abril e 25 de Novembro
Cerimónia do 25 de Novembro envolta em controvérsia
25 de Novembro divide setores políticos
Foto: RTP Arquivo
"Mais liberdade, mais democracia". Presidente defende que história não tem fim
O presidente da República enquadrou então o 25 de Novembro como um "passo muito importante" no caminho para a liberdade e a democracia aberto pelo 25 de Abril, defendendo que "não existe contradição" na evocação das duas datas.
O 25 de Novembro, como “vitória do grupo dos Nove sobre os outros dois grupos militares”, foi a conjugação “de vários fatores”.
Num discurso de quase vinte minutos, o chefe de Estado questionou se se pode afirmar que "em 25 de Abril de 1974 começa a liberdade e em 25 de Novembro de 1975 a democracia" em Portugal.
Já o 25 de novembro de 1975, "foi muito significativo, porque sem ele no tempo em que existiu e tal como se processou, o refluxo revolucionário teria sido mais demorado, mais agitado e mais conflitual, e para alguns poderia mesmo provocar uma guerra civil".
Como recordou o presidente da República realçou, "assim não aconteceu, não houve guerra civil".
"Eis por que razão não existe contradição entre o 25 de Abril, como há décadas é assinalado – enquanto data maior, porque representou um virar de página historicamente mais profundo, no império, na ditadura e como primeiro passo de abertura para a liberdade e a democracia – e o evocar o 25 de novembro de 1975", sustentou.
"Mais portugalidade com passado, mas também com futuro. Por isso aqui estamos hoje reunidos".
"Assinalar o 25 de Novembro não é mais do que celebrar Abril", para Aguiar-Branco
“É esse o país que celebramos hoje”, declarou o presidente da Assembleia da República.
PSD vê data como "triunfo da moderação sobre o extremismo"
“A democracia só existe verdadeiramente quando o povo tem uma liberdade de escolha real, sem censuras ou tutelas políticas”, continuou, acrescentando que essa liberdade “foi salvaguardada no 25 de Novembro”.
"25 de novembro foi o recomeço"
Pedro Delgado Alves, deputado socialista, recorda uma declaração de Mário Soares sobre a data que hoje se assinala.
Para o deputado socialista há duas questões que “atravessam” a população: “o que foi o 25 de novembro e como o devemos assinalar no quadro da conquista da democracia e da liberdade?”.
“Chamados a assinalar a importância do 25 de Novembro, começamos por agradecer aos seus verdadeiros construtores, aqueles a quem não faltou em novembro, a firmeza na defesa do espírito libertador de Abril, do lado militar a homenagem é devida à inteligência, pragmatismo, coragem de Ernesto Melo Antunes (…)” para de seguida recordar todos os militares de Abril. “É igualmente o dia de saudar António Ramalho Eanes pela sua firmeza no planeamento e condução operacional, permitindo o desfecho favorável à estabilização e democratização do país”.
“Em 50 anos, em momento algum, tivemos qualquer dúvida sobre o que devíamos valorizar, construir como memória histórica”, acrescentou.
"Hoje, a melhor forma de homenagear esta capacidade de ultrapassar as divisões é a de não reabrir as fraturas que sabiamente estas gerações fundadoras do regime democrático souberam superar, recusando revisionismos, vontades revanchistas ou provocações", apelou.
"Este é o verdadeiro dia de liberdade em Portugal", disse André Ventura
IL lembra que celebrações não são consensuais entre os que "amam a liberdade" e os "derrotados"
E continuou: “Resistir contra a tentativa de reescrever a história não é apenas um ato de decência e de honestidade intelectual, é também um contributo, uma inspiração, uma luz que ajuda a abrir o caminho para vencer outras lutas do presente”.´
Também agora, segundo Rui Rocha, “ é preciso combater radicalismos em nome da liberdade” e “aqueles que querem uma outra vez manipular os factos”.
“Fascismo e comunismo nunca mais”, terminou Rui Rocha.
"Abril foi um grito do povo contra o fascismo"
Joana Mortágua, a única deputada do Bloco de Esquerda presente no Parlamento, afirma que "Portugal despertou do pesadelo da ditadura no dia 25 de Abril de 1974. Um ano e meio depois, a 26 de novembro de 1975 o horizonte do país continuava a escrever-se em três palavra: Liberdade, Democracia, Socialismo".
Para Joana Mortágua, quem defende os ideais do 25 de Novembro, “é na verdade um derrotado de Abril”.
“A atual mistificação sobre o significado histórico do 25 de novembro, é uma manobra dos derrotados de abril”, acrescentou para de seguida acusar os defensores do 25 de novembro de serem “partidários da ditadura que oprimiu os portugueses”.
“Quem quer diminuir o 25 de Abril, só convoca os saudosistas de 24”.
A deputada bloquista considera ainda que “a celebração do 25 de Novembro é a tentativa de esvaziar o conteúdo revolucionário popular do 25 de Abril”.
“O 25 de Abril foi um grito do povo contra o fascismo. Um povo que ganhou consciência de que a ditadura era também o poder de uma pequena elite económica (…) o resultado da liberdade foi a revolução popular”.
Joana Mortágua enumera de seguida os motivos de Abril para a população para frisar que “depois do 25 de novembro quando foi aprovada a Constituição em nome do socialismo. E alguns dos atuais pretendentes a herdeiros de novembro até votaram contra essa Constituição”.
“Perderam. E porque perderam consagraram-se os direitos democráticos, sociais e económicos e um Estado organizado para os garantir”.
Para Joana Mortágua, a sessão comemorativa do 25 de Novembro é “um disparate, que revela a deplorável disponibilidade do PSD para ceder às extremas-direitas”.
“Esta sessão e as que realizarem nos próximos dois ou três anos, serão lembradas no futuro como um momento folclórico de um tempo bizarro. Em que o PSD e a extrema-direita se alinharam no revisionismo histórico, num exercício espúrio e sem duração da memória do país”, acrescentou para de seguida garantir que o Bloco de Esquerda estará presente “quando chegar a altura de voltar a chamar a nossa democracia pelo seu único nome. Abril”.
Livre condena o que "alguns estão a tentar fazer" pelo 25 de Novembro
“A igualdade constrói-se todos os dias”.
“Cumprem-se hoje 49 anos que os portugueses disseram, pela voz de homens como Ramalho Eanes, Vasco Lourenço, Mário Soares, Melo Antunes, entre muitos outros, que não aceitavam levar o país para a guerra civil”.
E, adiantou, “é com muita tristeza que hoje vemos a usurpação e o aproveitamento desta data por esta direita do século XXI”.
Paulo Núncio: "Com o 25 de Novembro evitámos perder a liberdade"
E referindo-se ao PCP, que recusou participar nas celebrações, Paulo Núncio acrescentou: “Não se enganem. Celebramos o direito de todas as forças políticas estarem aqui por vontade do povo, mesmo aquelas forças políticas que decidiram não estar aqui hoje na sessão solene do 25 de Novembro”.
“Hoje é um dia com História. O CDS sempre defendeu a celebração do 25 de Novembro”, continuou. “O 25 de Novembro pôs termo a uma deriva extremista e sem apoio popular”.
Para Paulo Núncio, o 25 de Novembro completa o 25 de Abril.
PAN critica "trincheiras fúteis" e aponta que ainda há "revoluções de cumprir"
“Trincheiras entre os que dizem que não traem Abril e os que usam Novembro para fazer contas com Abril. Trincheiras fúteis que não dignificam a memória dos Capitães de Abril”, afirmou.
Aguiar Branco dá início aos discursos
Marcelo Rebelo de Sousa já está na Assembleia da República
Luís Montenegro já chegou ao Parlamento
Celebração do 25 de Novembro desfalcada no hemiciclo à esquerda
25 de Novembro. Historiadores dividem-se face à sessão solene
Ausências marcam 25 de Novembro no Parlamento
O início da sessão está marcado para as 11h00, esperando-se intervenções, por ordem crescente, de todas as forças políticas com representação parlamentar, à exceção do PCP, que não estará presente.Vai também discursar o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco. E a intervenção final caberá ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Cada grupo parlamentar dispõe de cinco minutos e meio para discursar. São menos 30 segundos face às sessões solenes do 25 de Abril. A deputada única do PAN deverá restringir a intervenção a dois minutos.
No Parlamento estarão antigos presidentes, entre os quais o general Ramalho Eanes, figura historicamente associada à data, antigos presidentes da Assembleia da República, antigos primeiros-ministros e o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, além dos presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Constitucional.
Partiu do CDS-PP o projeto de resolução a defender a organização anual de uma sessão solene para assinalar o 25 de Novembro. O modelo foi posteriormente aprovado por PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS-PP e a oposição de todas bancadas da esquerda.O PCP falta à sessão solene, considerando que esta visa "relançar a ofensiva contrarrevolucionária contra Abril". O BE marca presença com um só deputado, que vai intervir para "denunciar a operação de desvalorização do 25 de Abril".
A Associação 25 de Abril, presidida pelo Capitão de Abril Vasco Lourenço, recusou tambem fazer-se representar, argumentando que "a História não pode ser deturpada".
Antigos elementos do Grupo dos Nove, a ala moderada do Movimento das Forças Armadas, como o general Pedro de Pezarat Correia e o coronel Rodrigo de Sousa e Castro, adiantaram à agência Lusa ter igualmente rejeitado o convite, sustentando que a data está a ser deturpada e não pode ser equiparada à Revolução dos Cravos.
A cerimónia tem honras militares, com o hino nacional a ser tocado por duas vezes.
c/ Lusa
25 de Novembro assinalado no Parlamento com divisões partidárias
Foto: Pedro A. Pina - RTP
A sessão do 25 de Novembro terá direito a discursos e honras militares, mas contará também com lugares vazios nas bancadas dos partidos.
A cerimónia tem início às 11h00 e pode ser acompanhada, em direto, na Antena 1, numa emissão especial a partir do Parlamento.