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Sucessão de Pedro Nuno. Carneiro volta a avançar e já colhe vozes de apoio

por Cristina Sambado - RTP
Nuno Patrício - RTP

José Luís Carneiro assegura estar disponível para "servir o PS e Portugal" - leia-se repetir uma candidatura à liderança dos socialistas. O antigo ministro considera que o PS deve fazer "uma reflexão profunda" e abrir um novo ciclo, contribuindo para a estabilidade política, excluindo, todavia, um quadro de bloco central. João Soares e Augusto Santos Silva são já dois nomes seniores do Rato nas suas fileiras.

"Decidi disponibilizar-me, mantendo o diálogo com os meus camaradas, para servir o Partido Socialista e para servir o país", avançou José Luís Carneiro em entrevista à CNN.

No dia em que anunciou que quer ser secretário-geral do Partido Socialista, o ex-governante explicou também o que pretende fazer perante o novo Executivo da AD, "o PS deve ser claro no que respeita à garantia de viabilização do Governo. Porque é isso que os cidadãos nos pedem".
No entanto, José Luís Carneiro exclui a possibilidade de "um bloco central. Julgo que não é necessário e seria prejudicial, como tem sido afirmado por vários responsáveis, os dois partidos subsumirem-se numa solução executiva".

Para José Luís Carneiro, "é possível, num quadro parlamentar, constituir uma dimensão de trabalho político que responda a alguns dos impulsos reformistas".

Antes da entrevista à CNN, o ex-ministro da Administração Interna do Governo de António Costa enviou uma nota às redações onde explicava o que o levava a avançar para a corrida à liderança socialista. “Face aos resultados eleitorais e à decisão do secretário-geral do PS, entendo que os militantes socialistas devem promover uma reflexão profunda e abrir um novo ciclo que honre a história do Partido Socialista. Contando com todos e promovendo a inclusão, a coesão e a unidade do PS, na riqueza da sua diversidade”.

O antigo ministro, que há cerca de ano e meio perdeu a disputa interna para Pedro Nuno Santos, termina esta nota com uma ideia de futuro: “como sempre, estarei disponível para servir o meu partido e para servir Portugal”.


“Importa ao país que o PS contribua para a estabilidade política e para o impulso reformista necessário. O PS não deixará de contribuir empenhadamente”, considerou, valorizando “o crescimento sustentável da economia, o trabalho digno, o combate à pobreza e às desigualdades” ou o reforço do SNS ou da escola pública.Para José Luís Carneiro, “é preciso ser firme na defesa da pluralidade e da convivência pacífica entre todos, independentemente das suas convicções”.

“É preciso saber ouvir e dar voz às pessoas e às suas formas de representação, dentro e fora do quadro partidário. Pelo seu papel histórico na nossa Democracia, na defesa das Liberdades e dos Direitos Fundamentais, o Partido Socialista é e continuará a ser a garantia de um futuro onde a segurança, o bem-estar, a dignidade de todos e o prestígio das instituições continuarão a estar no centro das prioridades”, garantiu.

Uma palavra ainda para o trabalho que o PS deve fazer “para a valorização do papel de Portugal na União Europeia”.

“Além do serviço ao nosso país, num momento especialmente exigente na Europa e no Mundo, há que colocar as nossas forças no apoio aos que, em nome dos valores do PS, serão candidatos às próximas eleições autárquicas”, enfatizouSantos Silva e João Soares apoiam Carneiro
João Soares e Augusto Santos Silva apoiam José Luís Carneiro na candidatura à liderança do PS. Garantias foram dadas na RTP onde também Pedro Silva Pereira revelou que as autárquicas são vistas como uma grande prioridade para os socialistas.

Para Pedro Silva Pereira, “se o PS tivesse, no dia a seguir a este péssimo resultado eleitoral, uma solução chave na mão para todos os seus problemas e para oferecer ao país, eu penso que também não seria um bom sinal”.
O que eu sinto no Partido Socialista é que há uma grande preocupação com a prioridade às eleições autárquicas, o que é muito natural”, acrescentou à RTP o ex-vice-presidente do Parlamento Europeu.

Já Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República sublinha que não se quer “antecipar” ao “que a Comissão Nacional vai discutir no sábado”.
O que eu digo é que um PS fraco e um PS em convulsão não é do interesse de ninguém, a não ser a extrema-direita. Portanto, nós precisamos de um PS forte, com cabeça fria, com tempo para se reorganizar”, frisou Santos Silva que é atualmente membro da Comissão Política do Partido Socialista, que acrescentou ainda que foi um dos apoiantes de José Luís Carneiro “na disputa interna em dezembro de 2023. E não vejo nenhuma razão para mudar de opinião”.

João Soares, filho do fundador e líder histórico do PS Mário Soares, que foi presidente da Câmara de Lisboa e ministro da Cultura, defende que se devia “desencadear já o processo de escolha do líder do partido. E nesse quadro (…) eu apoiarei José Luís Carneiro”.
Carlos César assume liderança interinamente
Pedro Nuno Santos deixará de ser secretário-geral do PS no sábado, após a Comissão Nacional, e será o presidente do partido, Carlos César, a assumir interinamente a liderança socialista.

A Comissão Nacional do PS para aprovar o calendário eleitoral interno, depois do anúncio da demissão de Pedro Nuno Santos da liderança, foi convocada para sábado, em Lisboa, também para analisar os resultados das legislativas.

De acordo com a convocatória, o presidente do partido, Carlos César, refere que depois do anúncio de Pedro Nuno Santos, após a pesada derrota do PS, convoca os membros da Comissão Nacional para esta reunião, que decorrerá sábado de manhã, em Lisboa, em local ainda a designar.

Da ordem de trabalhos faz parte a “análise da situação política face aos resultados eleitorais” de domingo e a “aprovação de calendários e regulamentos eleitorais”.
Eleições internas antes ou depois das autárquicas?

Várias alas do Partido Socialista, entre os quais candidatos à liderança, defendem que as eleições internas para escolher o novo secretário-geral do PS só devem acontecer depois das eleições autárquicas que vão decorrer entre o final de setembro e meados de outubro.


Francisco Assis é um dos socialistas que defende que o secretário-geral só deve ser escolhido após as autárquicas.

“Entendo que essa disputa interna deve ser feita depois das eleições autárquicas”, defendeu, considerando que os candidatos do PS precisam de voltar à pré-campanha que foi interrompida com as legislativas.

Para o antigo candidato à liderança, não faz sentido que o PS esteja “agora a promover um congresso e uma eventual disputa interna no partido quando o essencial é uma concentração das atenções e dos esforços no processo autárquico”.

“Até porque o PS, depois desta derrota, tem agora uma oportunidade clara de recuperar nas eleições autárquicas e isso é importante. Estas eleições que já eram importantes, neste momento são cruciais para o PS”, apontou, considerando que os socialistas têm “francas condições para ganhar estas eleições”.

Também Daniel Adrião, que se candidatou quatro vezes à liderança socialista, a escolha do novo secretário-geral só deve acontecer após o verão, ficando o partido a ser dirigido interinamente pelo seu presidente, Carlos César.

"Não é hora para fazer um congresso do PS, quando estamos a quatro meses das eleições autárquicas, com o verão e as férias pelo meio", disse Daniel Adrião, em declarações à agência Lusa.

Daniel Adrião, que foi quatro vezes candidato a secretário-geral no período das lideranças de António Costa e Pedro Nuno Santos, considerou que "o PS está, neste momento, em estado de exceção" e, por isso, deve fazer uma reflexão e concentrar-se nas autárquicas antes de escolher um novo líder.

"Defendo que o PS, em diálogo com a sociedade civil, deve fazer uma reflexão profunda que deve culminar numas eleições primárias abertas para a escolha do líder do partido e um congresso eletivo, estatutário e programático, em outubro ou novembro, Até lá a liderança deve ser assumida interinamente pelo presidente do partido, Carlos César".

O ex-adversário de António Costa e Pedro Nuno Santos lembrou que o processo autárquico já foi afetado pela antecipação das legislativas e que não faria sentido voltar a prejudicá-lo com a eleição de um novo líder socialista.

c/ Lusa
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