Vice-presidente do CDS Lobo d`Avila demite-se

por RTP

Foi candidato à liderança há um ano. Integrou depois a direção de Francisco Rodrigues dos Santos.

A demissão foi explicada por carta ao líder do CDS-PP.

"O CDS tem hoje um problema de afirmação externa que importa enfrentar. Temos que conseguir ler para além da bolha das redes sociais e dos grupos de apoio do Whatsapp. A mensagem não passa. As pessoas não nos ouvem. O CDS não é considerado. Os indicadores são trágicos. A projeção externa ou não existe ou não é boa. Infelizmente, e por muito que me custe dizê-lo, o CDS de hoje não risca", refere Lobo d'Avila.

"Ao fim de um ano procurei ajudar no que estava ao meu alcance, para tentar recuperar o CDS dos trágicos resultados eleitorais (legislativas e europeias) dos últimos anos. Não consegui mais. Não consigo mais. Não estou preso a lugares, presentes ou futuros. Aprendi a estar no CDS em liberdade, seguindo líderes e não presidentes", continua. "Muito sinceramente, conforme te transmiti pessoalmente, não acredito que seja possível inverter este caminho, sem que nada se faça. Assobiar para o lado não é manifestamente o meu forte", diz.

"Não é possível assobiar para o lado. O CDS não sobreviverá se não encontrarmos uma solução transversal e pacificadora e que nos volte a dar relevância", acrescenta.

"É por essa razão que solicito, desde já e com efeitos imediatos, a minha demissão de Vice-Presidente do CDS. Não farei parte do problema e procuro apenas a liberdade pessoal que a solidariedade institucional de pertencer a uma direção não me permite ter", afirma, garantindo que não será candidato em 2021, nem está a pensar noutros calendários. 

"Sempre procurei fazer parte da solução, sabendo também que nunca seria parte do problema. Tenho estima por ti e, aliás, criei uma empatia pessoal ao longo deste ano, contigo e com outros membros da direção. Mas isso não significa que não se olhe para a situação como ela é."

Militante desde os 17 anos, diz esperar "estar enganado na análise que faço. Se assim for, serás tu a estar certo do caminho que estás a fazer e o futuro do CDS será mais risonho do que eu infelizmente prevejo", diz.

"Se queremos ter um projecto alternativo ao socialista, é chegada a hora dos partidos do centro-direita perceberem o que se está a passar, a começar pelo CDS".

"O CDS tem que ser um partido útil à democracia portuguesa e só o será se conseguir inverter a tendência de morte lenta que todos os indicadores, consistentemente, nos vão reservando. O Partido só será verdadeiramente útil se não se dividir em grupos, grupetas ou gangs mais ou menos organizados. O CDS não sobreviverá, e não sobreviverá mesmo, a uma nova disputa fratricida. O único caminho viável é o de procurar as pontes que sejam necessárias para pacificar o CDS", conclui.

“Ao longo de um ano contaste com toda a minha lealdade, assim como da de todos os elementos dos Juntos pelo Futuro. As divergências, mais ou menos profundas, foram manifestadas nos órgãos próprios, de forma reservada e transparente”, afirma.

“Não discordo do caminho estratégico seguido nas eleições entretanto realizadas, quer na Região Autónoma dos Açores, quer no apoio à candidatura do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. No essencial, reconheço que a nova direção enfrentou enormes dificuldades relacionadas com a pandemia, com o facto do presidente não estar no Parlamento, com as enormes restrições financeiras”, admite o vice-presidente demissionário.
Três demissões na direcção do CDS
O primeiro vice-presidente, Filipe Lobo d'Ávila, demitiu-se ontem à noite da Comissão Executiva do partido.
Raúl Almeida e Isabel Menéres Campos também saem da direção.

Os três centristas estão insatisfeitos com o caminho que tem vindo a ser seguido pelo atual presidente.

Pertencem ao grupo Juntos pelo Futuro que representa quase 15pc dos militantes do partido.

Ontem, o ex deputado Adolfo Mesquita Nunes sugeriu - num aritgo na jornal digital Observador - a marcação de um conselho nacional para poder salvar o partido antes que seja tarde demais.

Francisco Rodrigues dos Santos - em resposta - lamentou que a vida do partido estivesse a ser discutida publicamente.

Entretanto, gerado o debate, o eurodeputado do CDS, Nuno Melo, admite candidatar-se à liderança do partido no congresso de 2022.

Assume que está incomodado com os fracos resultados que o CDS consegue nas sondagens.

Não se opõe a um congresso antecipado, mas não faz parte do grupo que defende a sua realização


(em atualização)
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