Aplicação usada para ler dados biométricos de europeus pode ser pirateada

por Lusa

A aplicação digital criada pelo governo britânico para recolher dados biométricos dos europeus candidatos ao estatuto de residente no Reino Unido, obrigatório depois do `Brexit` e pedido por 210 mil portugueses, pode ser pirateada, alertou hoje uma empresa de segurança.

A empresa norueguesa Promon descobriu as vulnerabilidades após testes à resiliência da aplicação contra "métodos e ferramentas de ataque básicos, que muitas vezes precisam de muito poucas competências técnicas", afirmou o diretor de comunicação, Lars Birkeland, à agência Lusa.

Embora não tenha encontrado problemas em específico, descobriu que a aplicação pode ser pirateada e modificada para extrair informação remotamente.

A aplicação, produzida pelo Ministério do Interior britânico, é usada em dispositivos móveis com o sistema operativo Android, como telemóveis e `tablets`, para ler os passaportes eletrónicos para confirmar os dados biométricos.

São também introduzidos na aplicação dados pessoais, incluindo endereço eletrónico e número de telefone, necessários para o processo de candidatura ao estatuto de residente.

Um porta-voz do ministério garantiu à agência Lusa que "a segurança e proteção da informação pessoal é levada muito a sério" e indicou que a aplicação é testada regularmente por companhias de segurança e vai continuar a ser testada.

A co-fundadora do grupo the3million, que faz campanha pelos direitos dos cidadãos europeus residentes no Reino Unido, Maike Bohn, disse à Lusa recear que esta notícia desencoraje europeus de completar o processo até 31 de dezembro de 2020.

"Para muitos cidadãos da UE, a confiança no Ministério do Interior já é muito baixa e receamos que muitos interessados não se candidatem agora, reduzindo o tempo já limitado disponível para garantir seu estatuto antes do final do prazo", afirmou.

De acordo com as estatísticas hoje divulgadas, Portugal continua o país com o quarto maior número de nacionais registados no sistema de regularização migratório para os europeus, intitulado EU Settlement Scheme, atrás da Polónia, Roménia e Itália.

Até ao final de outubro foram registados 209.900 pedidos portugueses, mais 30% do que no mês anterior.

No total, segundo o ministério do Interior britânico, já se candidataram ao estatuto de residente cerca de 2,5 milhões de pessoas e 1,9 milhões dessas candidaturas foram concluídas, tendo 60% recebido um título permanente e 40% um título provisório.

O estatuto de residente permanente (`settled status`) é atribuído àqueles com cinco anos consecutivos a viver no Reino Unido, enquanto os que estão há menos de cinco anos no país terão um título provisório (`pre-settled status`) até completarem o tempo necessário.

 

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