Direcção-Geral da Saúde espera surto de H1N1 no Outono

A Direcção-Geral da Saúde garante que os serviços estão preparados para responder a um eventual surto de Gripe A H1N1 em Portugal à chegada do Outono. As estimativas das autoridades, que apontam para a propagação do vírus a 25 por cento da população, são conhecidas no momento em que o Ministério de Ana Jorge assinala que o país "está ainda longe" da pandemia declarada pela OMS.

RTP /
A OMS pediu aos laboratórios que acelerassem os estudos para a produção de uma vacina contra a Gripe A Ulises Rodriguez, EPA

Afinar os planos de contingência nos sectores público e privado é, por enquanto, a prioridade da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Escala de alerta da OMS  
       

Fase um: as autoridades sanitárias internacionais não detectaram novos subtipos do vírus da gripe em humanos;
 
Fase dois:
continuam por detectar novos subtipos do vírus da gripe em humanos; contudo, verifica-se a circulação, entre animais, de um subtipo do vírus com elevado risco de transmissão a humanos;
                
Fase três: os peritos estabelecem a existência de casos de infecção humana com o novo subtipo do vírus da gripe, mas ainda não foi detectada qualquer transmissão entre pessoas; no limite, verifica-se a existência de situações de transmissão para contactos próximos;
               
Fase quatro:
encontram-se detectados um ou mais surtos com uma transmissão limitada entre humanos; a propagação é localizada, sinalizando que o vírus ainda não se adaptou a hospedeiros humanos;                              
Fase cinco: os surtos revelam-se maiores, embora a transmissão entre pessoas permaneça localizada; nesta fase o vírus começa a adaptar-se ao hospedeiro humano, mas continua aquém de níveis de transmissão eficazes, no que a Organização Mundial de Saúde classifica de "substancial risco pandémico";
                       
Fase seis: declaração do estado de pandemia; o risco de transmissão do vírus entre a população em geral é substancial.


Depois de o comité de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter decidido actualizar a escala de propagação global do vírus H1N1 para a fase seis, o director-geral da Saúde, Francisco George, veio sublinhar que a declaração da primeira pandemia do século XXI "não reflecte qualquer alteração imediata na situação epidemiológica de Portugal".

"Nós recomendamos que os planos de contingência sejam testados, sejam afinados, que a rapidez da adopção das medidas previstas nos respectivos planos seja garantida, porque desta rapidez vai depender o sucesso do nosso programa de contingência", adiantava na quinta-feira o director-geral da Saúde, em entrevista ao Telejornal.

O país, asseguram as autoridades sanitárias, continua a braços com uma fase de contenção de eventuais casos importados de Gripe A H1N1 e "está ainda longe de uma situação de pandemia", nos termos de uma nota difundida na quinta-feira pelo Ministério da Saúde, após a decisão do comité de peritos da OMS. No entanto, os planos de contingência traçados em Lisboa incluem a perspectiva de um surto da doença a partir do Outono. Estima-se que a nova variante do vírus da gripe, resultado da combinação de estirpes suína, aviária e humana, afecte 25 por cento da população portuguesa, com 90 por cento dos doentes a receber tratamento em casa.

"Devido ao comportamento deste vírus, é uma probabilidade que possa acontecer que, daqui a uns meses, Portugal também tenha maior número de doentes. Portanto, estamos a fazer todas as medidas para conter ou impedir a transmissão e organizar quer os serviços de saúde, quer os serviços da comunidade", salientou à RTP a ministra da Saúde.

DGS mantém recomendações

Por sua vez, a subdirectora-geral da Saúde Graça Freitas coloca a ênfase nos mecanismos de informação, a actualizar "à medida que a situação for evoluindo no país".

"Nós vamos divulgando para a população informação de dois tipos: informação sobre o nível de risco em que nos encontramos e informação sobre o que é que as pessoas devem fazer de acordo com esse risco", explicou a responsável em entrevista à RTPN.

As recomendações mantêm-se inalteradas: perante "sintomas sugestivos de gripe, de contacto com doentes confirmados e/ou deslocação a áreas afectadas, os cidadãos devem contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e seguir as recomendações feitas pelos profissionais de saúde".

Em Portugal as autoridades registam apenas dois casos confirmados de infecção pelo vírus da Gripe A H1N1. Para lá da fronteira, em Espanha, verifica-se um aumento exponencial do número de casos - 150 dos 488 casos conhecidos tiveram confirmação num único dia. Ainda assim, a ministra da Saúde descarta medidas adicionais.

"Com Espanha nós temos uma fronteira enorme, como é óbvio. E a facilidade, quer por transporte aéreo, quer por todos os meios, pois até a pé se vai a Espanha, pode aumentar", reconheceu Ana Jorge.

Vírus "não pode ser parado"

Os últimos números libertados pela Organização Mundial de Saúde referem 29.669 casos de infecção pela nova variante da gripe em 74 países. Os casos mortais ascendem a 145. Os Estados Unidos registam o maior número de casos, com 13.217 infecções confirmadas, das quais 27 resultaram em morte. Segue-se o México, com 6.241 casos e 108 mortes.

Na quinta-feira, ao declarar a primeira pandemia dos últimos 41 anos, a directora-geral da OMS, Margaret Chan, procurou conter o pânico, afirmando que o Mundo está confrontado com uma situação "moderada". Por outro lado, "nenhuma pandemia anterior foi atacada tão cedo ou vigiada tão de perto, desde o início, em tempo real".

Os apelos à calma foram, no entanto, entrecortados por um alerta: a passagem à fase seis da escala da OMS significa que a progressão geográfica do vírus "não pode ser parada".

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