Paulo Rocha filmou, de forma admirável, uma fascinante história de paixão, ciúme e nostalgia na bela região do Douro
Nas margens do Douro, António, salva a sua sobrinha Mélita de morrer afogada no rio. Grávida de um homem casado, Mélita, é levada por Carolina, a mulher do seu tio, a abortar. No comboio, Carolina, repara num atraente cigano que poderia dar um bom marido para Mélita. O cigano, porém, é assaltado por devastadoras visões de Mélita, numa vida passada, cometendo um crime sangrento.
A região do Douro é mais uma vez o cenário para uma absorvente e sinuosa história de amores cruzados e trágicos, em O Rio do Ouro de Paulo Rocha, um dos veteranos cineastas portugueses do movimento do Novo Cinema Português dos anos 60 e autor do memorável Verdes Anos. O Rio do Ouro parte de um facto verídico que Rocha transforma numa fascinante história de paixão, ciúme e nostalgia, na qual a paisagem e o rio desempenham um papel dominante, aliás ambos captados de forma deslumbrante. Da fotografia de Elso Roque à música de José Mário Branco, O Rio do Ouro é um filme de estranhas e inesperadas emoções, de contrastantes e contraditórias atmosferas psicológicas, onde Rocha reafirma a sua maturidade cinematográfica.