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Guilhermina Suggia

Guilhermina Suggia

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A vida de uma das maiores violoncelistas de sempre

Guilhermina Suggia nasceu no dia 27 de Junho de 1885 no Porto. O pai, Augusto Suggia, era violoncelista, e aos 5 anos Guilhermina pediu-lhe que a ensinasse a tocar. Aos 7 anos Guilhermina deu o seu primeiro recital na Assembleia de Matosinhos. Foi um êxito, mas a garota queria ir mais além e não parou de estudar. Aos 12 anos recebeu um convite para integrar o Quarteto Moreira de Sá e aos 13 anos era chefe do naipe de violoncelos da Orquestra do Orpheon Portuense. Os êxitos e as críticas elogiosas prosseguiram. Em 1898, durante o verão, Pablo Casals veio com um grupo de música de câmara abrilhantar as noites do Casino de Espinho. Num dos dias tocava a solo. Augusto Suggia foi com a filha escutar o catalão que, apesar dos seus 22 anos, era já considerado um dos maiores violoncelistas do mundo. No final, foram falar com Casals. Augusto contou-lhe que a filha estudava violoncelo e tinha raras capacidades. Casals passou-lhe o violoncelo para as mãos e pediu-lhe que tocasse. Ao fim de poucos minutos ficou impressionado, de tal modo que se ofereceu para, durante todo o verão, lhe dar lições uma vez por semana. Aos 15 anos Guilhermina Suggia tocou para a Família Real no Palácio das Necessidades. Foi um êxito tal que a Rainha D. Amélia, tecendo rasgados elogios, se dispôs a patrocinar os estudos de Guilhermina no prestigiado Conservatório de Leipzig na Alemanha, onde lecionava aquele que era considerado o melhor professor de violoncelo da altura, Julius Klengel. O professor, ao ouvir Guilhermina, ficou de tal maneira deslumbrado que lhe propôs aulas particulares, uma vez que estava muito avançada e o Conservatório seria para ela uma perda de tempo. Passado um ano, Klengel disse que nada mais tinha para lhe ensinar e pediu a Arthur Nikisch, o maestro da Gewandhaus e da Filarmónica de Berlim, que escutasse a sua aluna. Nikisch ouviu Suggia e, siderado, convidou-a para tocar como solista com a orquestra. Klengel organizou um concerto com a aluna, tocando o concertino para 2 violoncelos Romberg, mas entregando a parte de primeiro solista a Suggia, ficando ele com o papel secundário. Klengel justificou: ´ela há-de ir tão longe que nunca ninguém a alcançará´.
Em 1903, Suggia com 17 anos, foi a primeira mulher solista a tocar na Gewandhaus. No final os aplausos e os gritos de ´bis´ foram de tal modo intensos que, contrariando as rígidas normas estabelecidas, Nikisch deu ordens para que o concerto fosse repetido na íntegra. A partir daí, as portas dos grandes centros musicais europeus abriram-se de par em par. Guilhermina não mais parou de ser chamada a tocar, sempre com críticas que a classificavam como excecional. Entre 1906 e 1913 viveu uma intensa relação afetiva e artística com Pablo Casals em Paris. Ambos foram considerados os maiores violoncelistas da época. Em finais de 1913 a relação terminou e Suggia partiu para Londres onde foi repetidamente aclamada, enchendo salas e recolhendo aplausos sem fim. No dia 1 de Novembro de 1924, Virginia Woolf escreveu no seu diário: ´Como sempre, estou cheia de trabalho, estafada. O que me vale é pensar que na 3ª feira vou ouvir Suggia´.
Antes da 2ª Grande Guerra, Suggia regressou a Portugal, ao Porto, sua cidade natal, prosseguindo a carreira internacional sem mácula, até à sua morte em 30 de Julho de 1950. Guilhermina Suggia, violoncelista, foi um génio ímpar que dedicou toda a sua vida à música com uma entrega e paixão sem limites.

Ficha Técnica

Título Original
Guilhermina Suggia - Sonata para Violoncelo
Intérpretes
Locução de Eládio Clímaco, Isabel Guimarães
Realização
Alberto Serra
Produção
Luisa Calado
Autoria
Fátima Pombo (texto)
Ano
2001
Duração
50 minutos