Fellini 8 1/2

Um dos mais portentosos filmes de sempre sobre o próprio cinema, com Marcello Mastroianni a fazer um sublime alter-ego do mestre Fellini

Guido Anselmi, um realizador de sucesso, está envolvido na rodagem de um filme dispendioso e ambicioso, no qual se sente totalmente perdido. Em plena depressão nervosa, refugia-se numas termas nas proximidades do local de rodagem. Carla, a sua excêntrica amante, visita-o e pouco depois surge também Luísa, a sua resignada e sofredora mulher. Guido está cercado por elementos da produção do filme que o pressionam, atrizes que aspiram a um papel e intelectuais sofisticados que lhe querem vender ideias. Guido tenta fugir a toda esta alucinação, mergulhando nas suas fantasias sexuais e nas suas memórias de infância.
Por fim, regressa ao local de filmagem disposto a renunciar a tudo, mas o público, sob a alucinante forma de uma espécie de circo humano, obriga-o a continuar e aponta-lhe o caminho a seguir.

Fellini-Oito e Meio é um dos mais portentosos filmes de toda a História do Cinema sobre o próprio Cinema. Fellini, no rescaldo do estrondoso sucesso de A Doce Vida e em crise de inspiração, decide em 1963 rodar esta fabulosa confissão cinematográfica, que é um dos mais espantosos auto-retratos ficcionados que alguma vez um cineasta deu de si próprio. Assim, Marcello Mastroianni dá corpo ao perfeito alter ego de Fellini, no papel do angustiado cineasta de sucesso em crise de inspiração e perdido no meio do alucinante circo da rodagem de um filme, acabando por se refugiar nas suas fantasias e memórias.
Fellini fala do cinema, do poder, da arte, da corrupção, da moral, do dinheiro, do amor, do casamento, da amizade, da ambição, da desilusão, da religião, da infância, do circo e, no limite, de como um homem deve viver. Tudo isto com uma exuberância visual, com um fascínio emocional e com uma capacidade de surpreender e intrigar, de plano para plano, como só os cineastas mais geniais são capazes.
Literalmente, Fellini fala de Fellini num filme que é um dos mais pessoais, intensos e extravagantes auto-retratos alguma vez feitos em cinema.