O Grande Escândalo

Os meandros do jornalismo mais sensionalista numa delirante comédia de Hawks com Cary Grant e Rosalind Russell

Hildy Johnson, uma grande repórter, chega à redação do "Morning Post", jornal dirigido por Walter Burns que é também o seu ex-marido, para lhe anunciar que vai deixar o jornalismo e casar com um pacato vendedor de seguros. Walter, que continua apaixonado por Hildy, vai fazer tudo ao seu alcance para contrariar os planos dela e aproveitar os seus talentos para fazer uma reportagem. Um condenado à morte está prestes a ser executado. Porém, trata-se de uma infeliz e ingénua vítima de grosseiros interesses políticos e da vergonhosa corrupção dos serviços públicos. O condenado foge da sua cela e Hildy, que Walter convenceu a fazer a cobertura da execução como reportagem de despedida, acaba por cair no meio de um sensacional ¿furo¿ jornalístico bem como numa tresloucada história de equívocos e golpes ardilosos.

"O Grande Escândalo", produzido em 1940, é uma das várias adaptações cinematográficas da célebre peça teatral "A Primeira Página" da autoria de Ben Hecht e Charles MacArthur, e, de longe, a melhor, a par com a de Billy Wilder, de 1974. Porém, enquanto Wilder foi fiel à peça, Hawks subverteu quase tudo, a começar pela mudança de sexo da personagem central do jornalista, que quer deixar aquela vida de loucos para casar serenamente mas acaba por ser de novo engolido pela alucinação da notícia e da busca da verdade. O jornalista, transforma-se aqui numa bela e insinuante repórter, que deu a Rosalind Russell um dos mais notáveis papeis da sua carreira. História sobre os meandros do sensacionalismo jornalístico, ¿O Grande Escândalo¿ é uma comédia deslumbrante, em que Hawks monta a mais espantosa guerra dos sexos, servida por um portentoso texto de graça e cinismo e, sobretudo, pela presença magnética de Cary Grant, no papel do maior intriguista e manipulador dos anais do jornalismo.