Com realização, argumento e música de Satyajit Ray, uma adaptação duma história do celebrado poeta Premendra Mitra.
Perdido numa pequena aldeia após o seu carro ter avariado, um argumentista é surpreendido ao encontrar uma antiga namorada. Recordando a sua incapacidade para se comprometer e o consequente fim da relação, vai tentar acertar contas com o passado mas descobre que o tempo ainda não sarou as feridas... Em 1965, o filme fez parte da seleção oficial do Festival de Cinema de Veneza.
Quando, no meio do nada, o carro de Amitabha Roy (Soumitra Chatterjee) tem uma avaria, não lhe resta alternativa a não ser aceitar boleia de um desconhecido. Quando chega a casa do homem dá-se conta que ele é casado com Karuna (Madhabi Mukherjee), a mulher que em tempos amou e que, por cobardia, abandonou. Arrependido pela sua escolha e compreendendo que ainda está apaixonado por ela, Amitabha aproveita um momento a sós e propõe-lhe que deixe o marido e fuja com ele. Contudo, apesar de ter refeito a sua vida com outro homem, ela nunca superou o facto de ter sido desprezada por Amitabha...
Satyajit Ray foi um cineasta indiano e um dos grandes mestres do cinema mundial, ficou conhecido pela sua abordagem humanista à linguagem cinematográfica. Realizou todos os seus filmes em bengali, a língua falada no estado oriental da Índia - West Bengal, mas não foi isso que os impediu de terem interesse universal. São criações sobre coisas que estruturam a raça humana - relacionamentos, emoções, luta, conflitos, alegrias e tristezas.
O cinema de Satyajit Ray é uma mistura rara de intelecto e emoções. Um realizador controlado, preciso, meticuloso, e que evoca ainda resposta emocional profunda a quem assiste as suas obras. Criou objetos que retratam uma sensibilidade portentosa, sem o uso de melodrama ou excessos dramáticos. Ray desenvolveu um estilo cinematográfico em que a técnica é quase invisível, pois acreditava firmemente - "A melhor técnica é aquela que não é perceptível".
Embora inicialmente inspirado na tradição neo-realista, o seu cinema não pertence a uma categoria específica ou estilo, mas antes a um meta-género intemporal, um estilo inconfundível de contar histórias.