Hammett - Detetive Privado

Wim Wenders no seu primeiro filme americano a evocar um dos mais geniais escritores policiais de sempre, Dashiell Hammett

Em 1928, na cidade de S. Francisco, Samuel Dashiell Hammett acaba de produzir mais uma das suas histórias para uma revista. Recebe a visita de um velho amigo, Jimmy Ryan, antigo colega da agência de detetives Pinkerton, onde Hammett trabalhou antes de se tornar escritor. Jimmy afirma reconhecer-se no detetive de ficção criado por Hammett nas suas histórias e pede-lhe que o ajude a localizar uma rapariga chinesa que desapareceu. Hammett envolve-se, assim, numa série de incríveis e perigosas peripécias no submundo do crime de S. Francisco. Algures a meio da aventura perde o manuscrito da sua última história, acabando por se servir do estranho caso que viveu como tema para um livro que o vai tornar célebre.

Samuel Dashiell Hammett, um dos maiores escritores policiais do século XX, foi também um homem de forte, fascinante e corajosa personalidade que nem a ignóbil perseguição da Caça às Bruxas no início dos anos 50 conseguiu quebrar. Partindo da adaptação ao cinema de um romance de Joe Gores, que escreveu uma história policial com o próprio Hammett na qualidade de protagonista, Wim Wenders iria assinar o seu primeiro filme americano não só sob os auspícios de Francis Ford Coppola como num dos mais emblemáticos géneros do cinema americano, o Filme Negro. E, apesar dos complicados problemas de produção que arrastaram a rodagem do filme, alvo de revisão do argumento e remontagem, Wenders conseguiu criar uma espantosa obra de pura evocação nostálgica. Um belo, envolvente, duro e amargo thriller policial em que Wenders presta homenagem primeiro a Hammett e depois ao cinema policial americano, que conta com uma admirável interpretação de Frederic Forrest recriando o imortal autor de A Chave de Vidro.