OS IDIOTAS

Uma experiência radical de Lars von Trier e do movimento "Dogma 95" numa louca e provocadora comédia.

Karen janta sozinha num restaurante e é abordada por dois estranhos, um dos quais se faz passar por débil mental. Na verdade, os dois fazem parte de um grupo de homens e mulheres, entre os 30 e os 40 anos, que têm um bizarro divertimento: fazem-se passar por completos idiotas, por imbecis e profundos atrasados mentais com comportamentos absolutamente provocadores, insolentes e escandalosos em público. Karen junta-se ao grupo que vive de forma comunitária. Andam em busca do idiota que existe dentro de cada um de nós, através de um jogo de confronto com as instituições e comportamentos da sociedade levado a extremos delirantes, que acaba por marcar profundamente Karen, e ditar o seu amargo destino enquanto genuíno caso mental.

Lars von Trier foi um dos fundadores do movimento cinematográfico “Dogma 95”, que segue uma série de regras em claro confronto com o cinema comercial, como por exemplo, não filmar em estúdio, não usar adereços, música, som separado da imagem, a câmara em suporte ou iluminação artificial. Um conjunto de regras que se assume como uma ideologia experimentalista do cinema em flagrante oposição às teorias do cinema de autor. “Os Idiotas” segue, pois, as regras do “Dogma 95” onde Trier assume as funções de realizador, argumentista e operador de imagem num filme tão desconcertante nas suas propostas temáticas como nas suas opções narrativas, estéticas e artísticas, Trier filma esta história sobre um grupo de homens e mulheres que se divertem a chocar a sociedade fazendo-se passar por débeis mentais numa atitude de constante desmontagem das ilusões cinematográficas, a começar por um sem número de assumidas deficiências técnicas para terminar na “provocação” limite de mostrar microfones, câmaras e a própria equipa técnica a filmar. Aparentemente, como se todos fossem mesmo idiotas, num filme de idiotas filmado por idiotas.