A VINGANÇA DE JACK

Premiado no Fantasporto, um hábil, impressionante e surpreendente thriller de terror neo-zelandês, sobre a perversão dos laços familiares.

Dois irmãos, Jack e Dora, são entregues para adopção por um casal inconciliável e acabam por ir parar a famílias distintas. Jack é adoptado por uma família rural deplorável. Um pai alcoólico, uma mãe opressiva e quatro bizarras filhas fazem da vida do pequeno Jack um inferno de humilhações, espancamentos e trabalho forçado. Jack, porém, consegue manter uma ligação psíquica com a irmã, que foi parar a uma família normal, e que decide procurar um dia. Quando atinge a idade adulta, Jack consegue hipnotizar os seus crueis pais adoptivos e leva-os ao suicídio. Parte em busca de Dora, que também tem poderes psíquicos e é capaz de sentir a presença de Jack. Os dois acabam por se reencontrar, mas as sinistras e sanguinárias irmãs adoptivas de Jack andam no seu encalço com intenções tenebrosas.

“A Vingança de Jack” é, mais um excelente exemplo da qualidade do cinema da Nova Zelândia. Desta vez, nos domínios do thriller de horror mais imaginativo e impressionante, sobre a alucinante trajectória de dois irmãos. Um rapaz e uma rapariga, separados na infância, que se reencontram já adultos, depois do rapaz ter crescido num universo de incríveis abusos e maus tratos e de se ter livrado dos seus pais adoptivos de forma engenhosa e particularmente violenta, sendo agora perseguido pelas irmãs adoptivas, quatro diabólicos “anjos extreminadores”. Uma bela realização do estreante Garth Maxwell, que constrói um filme tão fascinante quanto perturbador, marcado por uma dimensão de horror sanguinário e demencial bem como por uma irónica visão da perversão do universo e dos laços familiares. Um filme verdadeiramente impressionante, onde o terror gótico se funde com uma certa atmosfera de esquizofrenia moderna, justamente premiado no Fantasporto de 1994.