Duas Vidas e o Rio

O terceiro filme realizado por Robert Redford é um belo, tocante e bucólico retrato da América interior.

No estado de Montana em 1910 Norman e Paul, filhos do reverendo Maclean, adoravam pescar com o pai no rio Big Blackfoot. À medida que se vão tornando adultos os dois irmãos, que cresceram no absoluto respeito pelas leis da Igreja Presbiteriana, começam a seguir caminhos diferentes na vida e apenas a paixão da pesca os une. Norman vai para a universidade estudar língua inglesa enquanto Paul começa a trabalhar como repórter no jornal local. Em 1926 Norman regressa da universidade e descobre, chocado, que o irmão se tornou num alcoólico e num jogador incontrolável. Os dois voltam a pescar juntos, mas já nada é como dantes. Paul tem enormes dívidas de jogo, vive perigosamente e Norman nada pode fazer para o ajudar. Nesse Verão Paul é morto e anos depois Norman recorda os dias felizes de pesca no rio, que o unia ao irmão para além de tudo o mais na vida.

Para a sua terceira realização Robert Redford adaptou ao cinema um romance de cariz-autobiográfico e de grande sucesso de Norman Maclean publicado em 1976. Trata-se de uma nostálgica, sensível e romântica evocação da América interior entre 1910 e 1935, centrada nas relações de dois irmãos que nasceram e cresceram na bela região do rio Big Blackfoot, no estado de Montana, ambos apaixonados pela pesca no rio mas cujas vidas tiveram trajetórias muito diferentes. Redford, mais uma vez e de forma admirável nos domínios do melodrama, assina um filme de uma grande beleza plástica, a que não é alheia a magnífica fotografia de mestre Rousselot premiado com um Óscar da Academia de Hollywood, onde retrata com inteligência e sensibilidade uma América bucólica e melancólica num tempo em que o Homem e a Natureza se completavam numa mútua relação de respeito e bom senso.