Powell e Pressburger em tempo de guerra a dar uma lição de guerra e de inovação num inteligente filme de propaganda
Em 1942, o general Candy é surpreendido pelos novos métodos da guerra moderna.
Mas nem sempre foi assim. Em 1902, regressado da Guerra dos Boers na África do Sul, o então jovem Candy parte para Berlim para pedir satisfações a um oficial alemão que andou a espalhar calúnias sobre o comportamento do exército britânico em África. Os dois batem-se em duelo, ficam feridos, recuperam juntos e o alemão apaixona-se por Edith, uma inglesa, por que Clive também se apaixona. Em 1918 Candy casa com uma enfermeira, parecida com a inglesa do caso de Berlim, e encontra o oficial alemão num campo de prisioneiros, que se recusa a reconhecer Candy. Mais tarde reconciliam-se e Candy ajuda o alemão a fugir dos nazis e a obter refúgio em Inglaterra. O alemão continua a discordar das noções cavalheirescas de Clive na condução da guerra, sobretudo contra a máquina bélica nazi. Finalmente, graças ao incidente nas manobras em 1942, Clive percebe que tem de mudar de atitude.
O coronel Blimp, uma criação do desenhador David Low, é uma caricatura das fraquezas e da impossibilidade de adaptação às coisas novas e uma personagem emblemática do espírito retrógrado e acomodado que se instalou em certos meios militares. Nascia, assim, em Inglaterra o ´Blimpismo´, ou seja, a forte recusa da inovação em favor da convicta preservação da rotina e da tradição. Foi contra esta ideia que Powell e Pressburger conceberam e realizaram este surpreendente filme de guerra, em 1942, contra toda a oposição oficial. O filme percorre 40 anos da vida de um general dominado pelo ´Blimpismo´ que é obrigado a rever os seus princípios perante a nova maneira de fazer a guerra imposta pelos nazis. Uma grande realização de Powell e Pressburger que é, para além da sua dimensão ficcional, um inteligente documento de propaganda.