ÓPERA NOVA por João Carlos Callixto

"Sonhos" 3 Abril 1983

Desta vez, o “Gramofone” faz luz sobre o início dos anos 80, com um grupo que durou apenas dois discos. Formados em Setembro de 1982, os Ópera Nova vinham da linha de Cascais e estavam esteticamente ligados aos chamados "neo-românticos" ingleses da época, como os Duran Duran ou os Spandau Ballet. Com uma forte componente electrónica, quer por conta do hoje matemático Pedro Alves da Veiga quer por conta de Manuel Andrade Rodrigues, o grupo era então completado pelo vocalista Luís Beethoven (anteriormente membro dos Press, que não chegaram a gravar). 

Os Ópera Nova assinaram contrato com a PolyGram, que era então a editora dos Heróis do Mar – grupo com o qual também se sentiam afinidades. A produção do disco de estreia, aliás, foi de Carlos Maria Trindade, teclista dos Heróis e que tinha publicado em 1982 o seu primeiro disco a solo. “Sonhos”, canção-título deste registo de estreia dos Ópera Nova e com autoria de Pedro Alves da Veiga, teve direito a uma versão “normal” (a mais divulgada então na rádio) e a uma versão “longa”, editada em formato máxi-single. A “Palavras”, a canção do lado B do single, juntava-se no máxi outro original de Pedro Alves da Veiga, “Luar”. 

O videoclip aqui apresentado de “Sonhos” foi feito pela RTP para o programa "Vivamúsica", que então divulgou grande parte dos novos grupos associados a este período do boom do rock português. Em termos de imagem, o grupo surge aqui com uma imagem semelhante à que ostentavam na capa desse primeiro disco, numa fotografia creditada a Fray Diez. 

Em 1984, foi editado o segundo registo dos Ópera Nova, novamente um single. Braunyno da Fonseca, que tinha entrado para o grupo ainda a tempo da edição de “Sonhos” e que substituíra Manuel Andrade Rodrigues, assina aqui ambas as canções com Pedro Alves da Veiga. "México" e "Western" mostravam a tentativa do grupo em encontrar um som mais próprio, contando ainda com a colaboração de João Marques no trompete – músico que fazia então parte dos Odisseia Latina e que logo depois integraria os Diva, passando mais tarde pelos Sitiados. Tal como no primeiro disco, este último trabalho dos Ópera Nova foi gravado nos Angel Studios, com Rui Novais (ao lado do histórico José Fortes, em “Sonhos”). Desta vez, o produtor de serviço foi António Avelar de Pinho, um dos mais criativos letristas da nossa canção e que estava então na PolyGram. Luís Beethoven, que nesta altura já não estava nos Ópera Nova, integrou depois os F.A.S., também com Pedro Veiga, e, mais recentemente, os No Data, aqui de novo com Carlos Maria Trindade.