Ana Catarina Mendes afirma que lideranças da direita podem mudar

por Maria Flor Pedroso

Foto: Antena 1

Ana Catarina Mendes, primeira vice-presidente da bancada do PS e futura secretária-geral Adjunta, diz, nesta entrevista na Antena 1, que a direita "ainda está muito a quente, é essencial que o tom de crispação se vá desvanecendo porque há matérias onde a direita não vai poder dizer que não está de acordo".

Ana Catarina Mendes acredita que a capacidade de negociação de António Costa será essencial para isso. E questionada se essa alteração pode ocorrer com as actuais lideranças de PSD e CDS, Ana Catarina Mendes considera que as lideranças do PSD e do CDS podem mudar, "parece-me que vai haver mudanças nos partidos da direita, mas não me compete a mim falar da vida interna dos outros partidos".

Um dos temas onde a Direita tem de assumir responsabilidades é no caso de uma decisão da comunidade internacional sobre o terrorismo.

Ana Catarina Mendes não antecipa decisões, espera que não seja militar, "cada um de nós no Parlamento sabe de onde vem e para onde vai, e sabe que em momentos desta natureza há responsabilidades que temos de assumir (…) pelo Estado português"

A primeira vice-presidente da bancada do PS é peremptória em relação ao Acordo à Esquerda: "Os compromissos nacionais para com a Europa têm de ser necessariamente aprovados por todos!". Refere-se ao PCP e ao BE, "porque diz que não estamos a falar com pessoas irresponsáveis".

Ana Catarina Martins confessa nesta entrevista na Antena 1 que foi Jerónimo de Sousa que, na primeira reunião politica que tiveram, a convenceu "que é possível haver um acordo à esquerda". Também conta que no núcleo duro de Costa esta hipótese só foi aventada nas reuniões havidas no núcleo duro no PS no dia de reflexão. Ana Catarina Mendes afirma que aceitou "esse cenário com grande entusiasmo mas com grande cepticismo, tenho de confessar isto".

Ana Catarina Mendes conta que na primeira reunião com o PCP "senti da parte de Jerónimo de Sousa uma manifesta vontade de se superar a si próprio enquanto secretario-geral do PCP, aqui estamos nós sem preconceitos". Questionada sobre a frase de Jerónimo na noite da eleições 'o PS só não é Governo se não quiser', Ana Catarina Mendes confessa que "não acreditei, tenho de ser honesta, não senti que fosse dito para ter este desfecho".

Sobre o acordo, Ana Catarina Mendes diz que ele obriga os partidos de esquerda a refletir sobre si próprios e "de uma vez por todas sejam ideologicamente vincados, e o PS também tem de fazer essa leitura" sendo que até considera que sobretudo no caso do PCP "que esteve muito congelado num certo tempo" e que os partidos políticos da Esquerda podem ter "um reencontro com a História".

Reconhece que a forma como o acordo foi feito pode ter provocado desconfiança, porque houve uma "certa informalidade que acabou por dar azo a desconfiança mas quem estava por dentro, estava tranquilo"

Ana Catarina Mendes também esteve na reunião com Cavaco Silva e considera que o Presidente "não foi imparcial como um Presidente da República deve ser". Ana Catarina Mendes afirma mesmo que "não senti que ele fosse imparcial" por muito que discorde de uma solução politica.
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