2015: ano de conquistas espaciais em revista

O Espaço continua a ser um objectivo permanente de conquista humana e este ano as novidades não deixaram surgir. Desde a confirmação de água em Marte até às primeiras imagens de Plutão, o Espaço continua a ser a última fronteira para a humanidade.

Marte: O planeta desejado


Ir a Marte já não é apenas um sonho e todos os dias surgem informações de como ele é e como se pode lá chegar. O ano de 2015 até foi generoso na recolha desses dados, diz a Agência Espacial Norte Americana - NASA.


NASA anuncia que Marte contém água em estado liquido

A 28 de setembro a NASA anunciou ao mundo que Marte, afinal,  não era um planeta assim tão inóspito e árido como se julgava.

Após analisar os dados recolhidos pela sonda orbital MRO: "Mars Reconnaissanse Orbiter", os cientistas afirmaram que, em Marte, nos meses de verão, a água corre ao longo de canhões e das paredes das crateras.

A possibilidade de existir vida no planeta "vermelho" é agora mais elevada, acrescentam os peritos.



Os cientistas referem ter detetado sais, que só se formam na presença de água, em pequenos canais esculpidos ao longo das encostas de montes e de crateras na região equatorial do planeta.


Conferência de imprensa dada pela NASA, no dia 28 de setembro

"Existe hoje água líquida na superfície de Marte", afirmou Michael Meyer, o cientista que dirige o programa de exploração de Marte da NASA, ao jornal britânico.
Aridez em Marte provocada por tempestades solares
2015 foi, também, o ano em que vários estudos sobre o planeta vermelho colocaram em cima da mesa novas teorias, segundo as quais a principal causa para o desaparecimento da água em Marte foram fortes tempestades solares.

Os cientistas apoiam esta nova teoria em dados recolhidos pela sonda MAVEN - Mars Atmosphere and Volatile Evolution. Lançada em 2013, a MAVEN tem por missão explorar a atmosfera do planeta Marte e determinar como é que água do planeta desapareceu ao longo do tempo.



Reportagem da Euronews sobre a missão MAVEN da NASA

A rápida evaporação ter-se-á ficado a dever à fraca composição atmosférica existente em Marte, que não conseguiu reter a humidade suficiente para a manutenção hídrica do planeta na superfície.

Os dados enviados pela sonda MAVEN da NASA, que está programada para estudar Marte até ao final de 2016, são complementares aos dados fornecidos e apresentados pelo rover Curiosity.

Estes demontraram que o monte Sharp, situado dentro da cratera Gale, em Marte, pode ter sido formado pelos sedimentos depositados no leito de um lago durante milhões de anos.
Roveres exploratórios Opportunity e Curiosity continuam em plena atividade
Os rovers e laboratórios robóticos móveis Curiosity e Opportunity continuam a operar no solo marciano e a enviar informações uteis sobre as condições físicas existentes.

Têm sido sobretudo as suas observações e dados a servir de base às conclusões de que Marte teve condições, no passado, para albergar vida.



Apesar de o período de vida útil de alguns dos seus sistemas terem já expirado, os rovers da NASA continuam a trabalhar quase ininterruptamente, sendo ferramentas muito úteis aos investigadores e cientistas.


Projeto Orion
O projecto Orion, que visa uma futura viagem humana a Marte em 2030, continua a realizar testes com bons resultados e a ser uma das prioridades da Agência Espacial Norte Americana.

Em 2015 foi testado com êxito o método de reentrada da cápsula que virá a transportar futuros astronautas.

Para além da cápsula, foram ainda testados os novos motores de propulsão adaptados RS25, que serviram nas missões Space Shuttle e que vão ser essenciais para a colocação em órbita de uma missão mais arrojada.


Em junho, foi testado, também com sucesso, um sistema que vai permitir aos aostronautas uma desaceleração mais segura. (LDSD) VER

Um sistema revolucionário de ajuda para futuras aterragens.

The Martians - Uma ficção muito próxima do real
Ainda em relação ao planeta vermelho, a NASA foi uma das consultoras de Hollywood para fornecer dados reais de como poderá ser uma futura colónia humana em Marte.

Dados que foram expostos no filme de ficção The Martian, de Ridley Scott, em que se explora a tese de como poderia sobreviver um humano em casos extremos.


Fox 20th Century Fox/Direitos Reservados

Apesar de a ficção estar adiantada face à realidade, a NASA continua a trabalhar no sentido de enviar seres humanos a Marte, em meados de 2030, em principio com o projeto Orion.

Scott Kelly, Astronauta da NASA, atualmente a bordo da Estação Espacial Internacional onde realiza um teste de resistência humana, conhece melhor do que ninguém as amarguras da longa permanência no espaço. Refere que, o espaço é difícil e a margem de erro é praticamente zero para todos os aspectos da exploração espacial.


Kepler encontra planeta gémeo da Terra
O Telescópio espacial da NASA Kepler encontrou na constelação de Cisne um planeta muito parecido com a Terra.

Pode não ser exatamente um gémeo do nosso planeta, mas é  certamente um primo muito próximo, dizem os astrónomos.



O mundo batizado por Kepler-452b é apenas ligeiramente maior que a Terra, gira em torno de uma estrela igual ao Sol numa órbita também semelhante.

Este é o primeiro planeta habitável, possivelmente rochoso, ao redor de uma estrela do tipo solar, referiu Jeff Coughlin, cientista no centro de pesquisa Kepler na busca de inteligência extraterrestre (SETI), no dia 23 de junho, no Instituto Mountain View, Califórnia.


New Horizons chega a Plutão
Foi a primeira vez que um engenho fabricado pelo humano alcançou o planeta mais longe do nosso sistema solar – Plutão.

A sonda fez a sua aproximação ao planeta ao longo de 14 anos e, em novembro último, recolheu imagens únicas.

Imagens e dados que ainda hoje a NASA está a compilar.



Neste momento a New Horizons continua a afastar-se de Plutão, a uma velocidade superior a 14 Km/s (Veja aqui o local exacto da New Horizons).


Sonda DAWN
O ano de 2015 para esta sonda norte da NASA foi repleta de actividade.

Desde janeiro a Dawn fez várias incursões ao proto-planeta Ceres, localizado na cintura de asteróides, entre Marte e Júpiter.

Visitas que deram a conhecer melhor a superfície do planetóide, revelando duas estranhas manchas brilhantes dentro de uma enorme cratera.


Sequência animada de imagens enviadas pela sonda espacial Dawn da NASA, revelando a rotação do planeta anão Ceres.

A Dawn captou estas imagens em 4 de maio, quando se encontrava a cerca de 13,6 quilómetros do astro.



Estranhos pontos brilhantes
Ainda não há uma explicação formal e objectiva sobre o que são afinal aqueles dois pontos luminosos. Segundo um artigo publicado no jornal cientifico "Nature" tratar-se-ão de depósitos salgados dentro de uma chaminé vulcânica,


Créditos: NASA/JPL-Caltech

Ceres tem mais de 130 áreas brilhantes e a maioria delas está associada com crateras de impacto, dizem ainda os autores do estudo.

Imagens recebidas no centro de controlo da missão sugerem que o material brilhante é consistente com um tipo de sulfato de magnésio, chamado hexahydrite,  na Terra designado como sal de Epsom.

Saiba onde está a sonda Dawn agora.


Cassini
A sonda espacial não-tripulada Cassini-Huygens já está no espaço desde 15 de outubro de 1997, numa missão ao planeta Saturno e respetivo sistema planetário.

Trata-se de um projeto conjunto da NASA, da ESA (Agência Espacial Europeia) e da ASI (Agência Espacial Italiana).

A sonda entrou em órbita em torno de Saturno no dia 1 de julho de 2004 e continua a operar, estudando o planeta e os seus satélites naturais.



Este ano de 2015 a sonda já visitou e fotografou Dione, Titan, Enceladus, Prometeus e Argeaon, luas de Saturno.

Uma missão que as agências querem ver prolongada até 2017, recolhendo todos os dados possiveis sobre este sistema planetário que gira em redor do segundo maior planeta do sistema solar.

Saiba onde a sonda Cassini-Huygens está agora.

Missão Rosetta
Este ano a alegria voltou ao centro de comando da Agência Espacial Europeia (ESA) quando, em junho, a sonda Rosetta, a orbitar  o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko desde 2014, enviou uma mensagem da sonda "Philae" que acabava de 'acordar': "Olá Terra! Consegues ouvir-me?"


Imagem captada pela sonda Rosetta em órbita do cometa 67P

Sete meses antes a missão conjunta da ESA e da NASA conseguira um feito nunca antes realizado: colocar na superfície de um cometa uma sonda terrestre, a Philae.

Os arpões da pequena sonda não conseguiram contudo fixar-se à superfície. Devido à fraca gravidade do cometa, a Philae acabou por saltar e não aterrou no local previsto. Acabou instalada numa zona sem acesso à luz solar, fonte necessária para o seu normal funcionamento.

A Philae entrou então em hibernação depois de 57 horas de operações científicas iniciais. Em junho voltou a 'acordar' e estabeleceu de novo contacto com a Rosetta.

Inicialmente, estava previsto que a missão Rosetta durasse até ao fim de dezembro de 2015 mas, numa reunião do Comité Científico do Programa Científico da ESA, ficou aprovada a sua continuação por mais nove meses. A missão deverá agora durar até ao final de setembro de 2016.

Saiba onde se encontra agora a Sonda Rosetta e a pequena Philae



Hubble – 25 anos ao serviço
Apesar de estar em actividade há mais de 25 anos, o Telescópio Espacial Hubble continua a fornecer dados e imagens do universo.

É um dos instrumentos mais úteis à disposição das agências espaciais europeias e americanas, retratado pelo Online da RTP nesta cronologia.

Este potente telescópio está posicionado a cerca de 550 quilómetros da Terra e já sofreu duas intervenções. É responsável por enormes avanços da ciência e conhecimento do Universo.



As imagens extremamente nítidas produzidas pelo Hubble permitiram aos investigadores vêr, por exemplo, pela primeira vez e com muito detalhe os "Pilares da Criação", um aglomerado de gases e poeiras, um autêntico berço de estrelas.

 

Outro sucesso conseguido através do Hubble foi o "Space Deep Field", uma missão durante a qual o telescópio espacial focou um ponto no universo durante vários dias, registando as galáxias mais afastadas jamais vistas.

Um ano a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS)
Parece que foi ontem mas, já passaram dez meses desde a partida dos astronautas Scott Kelly e do cosmonauta Mikhail Kornienko para a mais longa missão espacial: One year in Space.



A missão tem por objectivo testar a resistência humana no Espaço com vista à realização de futuras viagens de longa distância.

A nível mundial, o recorde pertence a um russo que esteve 14 meses na estação espacial Mir, entre 1994 e 1995.

Foi também durante este ano que, pela primeira vez, os astronautas cultivaram e consumiram legumes em ambiente com gravidade zero.



A alface vermelha, transformada em "salada" foi temperada e consumida em direto na NASA TV e, na altura, os astronautas gostaram da experiencia e aprovaram a refeição.


Foi também em novembro último que a ISS fez 15 anos de acolhimento humano no Espaço, sendo a estação espacial habitável mais longa da História.

Veja onde se encontra agora a Estação Espacial Internacional (ISS - sigla em inglês)


Veja aqui em direto e em Alta Definição (HD) a Terra a partir da ISS