Acordo em Homs para retirada dos últimos rebeldes

por Graça Andrade Ramos - RTP
Em abril de 2012 monitores da ONU foram autorizados a entrar na cidade de Homs, à beira de uma crise humanitária Khaled Telawi - Reuters

O acordo foi obtido esta terça-feira entre as autoridades sírias e representantes dos rebeldes que se mantêm no seu último reduto da cidade - o bairro periférico de Waer, onde vivem cerca de 75 mil pessoas, entre as quais pelo menos dois mil rebeldes.

A evacuação dos rebeldes deverá demorar cerca de dois meses, revelou o governador da província de Homs.

A cidade de Homs foi denominada "capital da revolução" há quatro anos, no início da rebelião contra o Governo de Bashar al-Assad. Atualmente é um monte de escombros e as forças rebeldes que não foram expulsas acantonaram-se num único bairro, periférico, cercado pelo exército.

O acordo agora obtido, apadrinhado pela ONU, vai permitir pôr fim aos constantes bombardeamentos e levantar o cerco.
Evacuação começa sábado
"Todos os rebeldes terão saído de Waer dentro de dois meses. Um grupo de 200 a 300 homens armados irá sair na primeira etapa, que se vai iniciar sábado", afirmou o governador de Homs, Talal Barazi.

Essa primeira etapa irá durar uma semana e inclui a entrega ao exército de "uma parte das armas pesadas e médias". Algumas famílias dos rebeldes também sairão.

Barazi esteve reunido com representantes de todos os movimentos rebeldes, incluindo os da Frente al-Nusra, representante oficial da al Qaeda na Síria, e da sociedade civil.

Na reunião participaram igualmente o coordenador humanitário da ONU Yacub Helou e representantes do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.
Quatro anos de cerco
"Vamos manter a calma e cessar as operações militares afim de criar as circunstâncias adequadas para a aplicação do acordo", disse o governador.

No bairro de Waer vivem atualmente 75 mil pessoas, onde antes da guerra, em março de 2011, viviam 300 mil.

Em maio de 2014 a cidade caiu nas mãos do exército sírio após bombardeamentos e combates, que devastaram o sector histórico, e um cerco de dois anos, que sufocou a cidade, berço de outras revoltas contra o domínio da família Assad.

Um acordo supervisionado pela ONU permitiu a retirada dos rebeldes da cidade, mas o bairro periférico de Waer não foi abrangido. Mantinha-se cercado pelo exército e era regularmente bombardeado.
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