Europa à procura de Salah Abdeslam: que papel teve nos atentados de Paris?

por Christopher Marques - RTP
Salah Abdeslam é apontado como o homem mais procurado no continente europeu pelo papel que terá tido nos atentados de Paris. Youssef Boudlal - Reuters

Quase dez dias depois, pelo menos um dos presumíveis responsáveis pelos ataques de Paris continua a monte. Prossegue a caça a Salah Abdeslam, apesar de não ser ainda claro o seu papel. Terá pelo menos contribuído na preparação. As autoridades acreditam que estaria mandatado para atacar o 18.º bairro de Paris. Um ataque mencionado na reivindicação do autoproclamado Estado Islâmico, mas que não ocorreu.

É o homem mais procurado no continente europeu. Poderá estar em território belga, francês ou na Holanda. Até mesmo na Península Ibérica. Ninguém parece saber onde está Salah Abdeslam.



Terá contribuído em aspetos logísticos do massacre, mas poderá haver outras missões em causa. O irmão de Abdeslam, sobre o qual não recaem suspeitas, acredita que o irmão se arrependeu.

“Mais do que uma esperança, é uma convicção. Salah é muito inteligente, acredito que à última hora decidiu voltar atrás”, afirmou em entrevista à televisão belga.
 
Mohammed Abdeslam pediu já ao irmão que se entregue às autoridades, argumentando que o prefere “ver na prisão do que no cemitério”.
Qual o papel de Salah?

Ainda não é certo qual é ou qual deveria ter sido o papel de Salah Abdeslam nestes ataques. Este francês residente na Bélgica seguia no veículo que conduziu os bombistas suicidas até ao Stade de France. Regressou depois a território belga, acompanhado por Hamza Attou e Mohamed Amr, já detidos pelas autoridades belgas.

Durante o trajeto foi controlado por três vezes pelas autoridades francesas, mas ainda não havia um mandado emitido, tendo sido autorizado a seguir viagem. Está atualmente desaparecido.

As autoridades chegaram a acreditar que Abdeslam teria estado nos ataques às esplanadas dos restaurantes. Mais tarde os investigadores acabaram por estabelecer que Salah teria estado no 18.º bairro de Paris.
Joana França Martins - RTP

Está ainda sob investigação a possibilidade de ele estar encarregue de atacar esta zona, onde um atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico mas não chegou a ocorrer. A forte possibilidade de Abdeslam estar a usar um colete de explosivos dá robustez a esta hipótese.

A advogada de Attou acrescentou que Abdeslam parecia estar “extremamente enervado” e “talvez pronto a fazer-se explodir”.

Uma pista apontada como provável, uma vez que todos os terroristas abatidos em Paris tinham um cinturão. A de Abdelhamid Abbaoud estaria a ser utilizada pela pessoa que se fez explodir na operação de Saint-Denis, cuja identidade permanece desconhecida.

Hamza Attou revelou ainda às autoridades que deixaram Abdeslam em Laeken, um dos bairros de Bruxelas.Papel logístico
Apesar das dúvidas, é cada vez mais certo que contribuiu pelo menos na preparação dos atentados. Abdeslam alugou dois dos veículos usados pelos terroristas: um Renault Clio que as autoridades encontraram no 18.º bairro de Paris e um Volkswagen Polo que estava junto ao Bataclan.

Alugou ainda dois quartos para o período de 11 a 17 de novembro num estabelecimento de Alfortville, perto de Paris.

Está já excluída a possibilidade de Salah ter morrido na operação de Saint-Denis. A terceira vítima, que está ainda a ser identificada, não é conhecida das autoridades, o que dá por fechada a possibilidade de se tratar do homem mais procurado.

O raide da última quarta-feira em Saint-Denis levou à morte de três terroristas: Abdelhamid Abbaoud, a sua prima Hasna Aitboulahcen e uma terceira vítima por identificar.
Tópicos
pub