Quase dez dias depois, pelo menos um dos presumíveis responsáveis pelos ataques de Paris continua a monte. Prossegue a caça a Salah Abdeslam, apesar de não ser ainda claro o seu papel. Terá pelo menos contribuído na preparação. As autoridades acreditam que estaria mandatado para atacar o 18.º bairro de Paris. Um ataque mencionado na reivindicação do autoproclamado Estado Islâmico, mas que não ocorreu.
Terá contribuído em aspetos logísticos do massacre, mas poderá haver outras missões em causa. O irmão de Abdeslam, sobre o qual não recaem suspeitas, acredita que o irmão se arrependeu.
“Mais do que uma esperança, é uma convicção. Salah é muito inteligente, acredito que à última hora decidiu voltar atrás”, afirmou em entrevista à televisão belga.
Mohammed Abdeslam pediu já ao irmão que se entregue às autoridades, argumentando que o prefere “ver na prisão do que no cemitério”.
Qual o papel de Salah?
Ainda não é certo qual é ou qual deveria ter sido o papel de Salah Abdeslam nestes ataques. Este francês residente na Bélgica seguia no veículo que conduziu os bombistas suicidas até ao Stade de France. Regressou depois a território belga, acompanhado por Hamza Attou e Mohamed Amr, já detidos pelas autoridades belgas.
Durante o trajeto foi controlado por três vezes pelas autoridades francesas, mas ainda não havia um mandado emitido, tendo sido autorizado a seguir viagem. Está atualmente desaparecido.
As autoridades chegaram a acreditar que Abdeslam teria estado nos ataques às esplanadas dos restaurantes. Mais tarde os investigadores acabaram por estabelecer que Salah teria estado no 18.º bairro de Paris.
Joana França Martins - RTP
Está ainda sob investigação a possibilidade de ele estar encarregue de atacar esta zona, onde um atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico mas não chegou a ocorrer. A forte possibilidade de Abdeslam estar a usar um colete de explosivos dá robustez a esta hipótese.
A advogada de Attou acrescentou que Abdeslam parecia estar “extremamente enervado” e “talvez pronto a fazer-se explodir”.
Uma pista apontada como provável, uma vez que todos os terroristas abatidos em Paris tinham um cinturão. A de Abdelhamid Abbaoud estaria a ser utilizada pela pessoa que se fez explodir na operação de Saint-Denis, cuja identidade permanece desconhecida.
Hamza Attou revelou ainda às autoridades que deixaram Abdeslam em Laeken, um dos bairros de Bruxelas.Papel logístico
Apesar das dúvidas, é cada vez mais certo que contribuiu pelo menos na preparação dos atentados. Abdeslam alugou dois dos veículos usados pelos terroristas: um Renault Clio que as autoridades encontraram no 18.º bairro de Paris e um Volkswagen Polo que estava junto ao Bataclan.
Alugou ainda dois quartos para o período de 11 a 17 de novembro num estabelecimento de Alfortville, perto de Paris.
Está já excluída a possibilidade de Salah ter morrido na operação de Saint-Denis. A terceira vítima, que está ainda a ser identificada, não é conhecida das autoridades, o que dá por fechada a possibilidade de se tratar do homem mais procurado.
O raide da última quarta-feira em Saint-Denis levou à morte de três terroristas: Abdelhamid Abbaoud, a sua prima Hasna Aitboulahcen e uma terceira vítima por identificar.