Purga afasta figuras centrais da equipa de transição de Donald Trump

por Andreia Martins - RTP
Donald Trump com o governador Chris Christie na noite das eleições presidenciais. Mike Segar - Reuters

Uma semana depois da histórica eleição que deu a vitória a Donald Trump, o Presidente eleito dos Estados Unidos continua a construção turbulenta da sua equipa de confiança. Várias figuras de renome que constituíam a equipa de transição foram demitidas nas últimas horas, falando-se mesmo numa autêntica “purga” perpetrada pelo genro de Donald Trump. O sucessor de Barack Obama garante no entanto que apenas ele decide quem fica ou sai e que as escolhas estão a ser feitas por via de um processo “muito organizado”.

Apenas confirmadas até agora as escolhas de Reince Priebus e Stephen K. Bannon para a Administração Trump, continuam os rumores sobre os homens que poderão ocupar os mais importantes cargos ao lado do próximo Presidente. O mais recente é a possível indicação de Ted Cruz, antigo adversário de Donald Trump, para o cargo de procurador-geral.



No entanto, foi o afastamento precoce de três figuras importantes na equipa de transição que mereceu destaque na imprensa norte-americana durante as últimas horas. No centro da polémica está Jared Kushner, genro e conselheiro de Donald Trump durante a campanha, uma figura muito próxima que poderá mesmo ocupar um cargo formal na Administração do próximo Presidente.

O companheiro de Ivanka Trump, a filha mais velha do magnata, terá estado na origem do afastamento de Mike Rogers e Matthew Freedman, dois funcionários responsáveis pela Segurança Nacional na equipa de transição de Donald Trump.



O afastamento dos dois responsáveis acontece depois da demissão abrupta, na última sexta-feira, do republicano Chris Christie, a quem estava destinado um cargo de liderança na equipa de transição, entretanto ocupado por Mike Pence, o vice-presidente eleito.

Christie, atualmente governador de Nova Jérsia, era procurador-geral do mesmo Estado em 2004, altura em que o pai de Jared Kushner foi julgado e condenado por evasão fiscal, contribuições ilegais de campanhas e manipulação de testemunhas.
"Luta de facas"
O jornal The New York Times refere que os despedimentos e vários desacordos estão a causar enorme “desordem” na construção da equipa de Donald Trump e que o afastamento de Mike Rogers e Matthew Freedman foi fruto de “uma purga orquestrada por Jared Kushner”.

Segundo um funcionário ouvido pelo mesmo jornal, o genro de Donald Trump está nesta altura “a afastar sistematicamente pessoas como Mike Rogers, com ligações a Chris Christie”.

Em declarações à CNN, o próprio Mike Rogers reconhecia que essa associação ao governador de Nova Jérsia poderia estar associada ao afastamento: “Por vezes, na política, há quem fique e quem vá embora. Neste caso, as pessoas convidadas a sair têm algum relacionamento com Chris Christie”, referiu.

Vários funcionários da equipa de transição descrevem anonimamente à cadeia televisiva os desacordos internos na equipa de transição como uma autêntica “luta de facas” e que há “alguma confusão” na própria cadeia de comando.

Donald Trump garante no entanto que a chefia da equipa que vai dar entrada na Casa Branca está apenas e só nas suas mãos.

O Presidente eleito voltou ao Twitter esta terça-feira para desmentir vagamente as notícias em causa e assegura que é o “único” a comandar os destinos da sua própria Administração.

“Há um processo muito organizado a acontecer enquanto decido quem vai ocupar os gabinetes e muitos outros postos. Sou o único que sabe quem são os finalistas!”, refere o Presidente eleito.
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