A atmosfera da campanha já tomou Nova Iorque. A cidade tem dois candidatos democratas. Hillary Clinton foi senadora por Nova Iorque. Bernie Sanders nasceu lá. Nenhum quer equacionar a hipótese de derrota na mais iconográfica cidade americana.
Hillary nāo escapará a um golpe profundo se perder aqui, apesar de estar distante do adversário na contagem de delegados. Bernie Sanders sabe que Nova Iorque, a sua terra natal, é crucial para alcançar Hillary, um sonho que mantém. Sanders prometeu manter-se na corrida até à convençāo.
Esta semana, num teatro do Harlem, Clinton disparou contra o ponto mais sensível do adversário. O âmbito maximalista das propostas do senador: serviço de saúde universal suportado pelo Estado, educaçāo superior garantida pelo orçamento federal, aumento do salário mínimo para 15 dólares hora. Alguns exemplos tidos por Hillary como impossíveis de aplicar sem um colossal aumento de impostos. Hillary acusa Sanders de ser um sonhador sem os pés na terra, que nāo entende que o óptimo é inimigo do bom.
Sanders tem disparado de forma intensa contra Hillary, pressionando dois pontos fracos: o que entende por "desastrosa" política comercial internacional por ela defendida - segundo Sanders responsável pela deslocaçāo de milhares de postos de trabalho para fora do país - e o facto de Clinton ter votado no senado a favor da intervençāo militar no Iraque em 2003.
Sanders, o candidato que advoga uma "necessária revoluçāo política" para a América, diz que Hillary é incapaz de sonhar. Ela replica ao afirmar que ninguém sonha mais que Nova Iorque em todos os EUA, mas que mais importante é conseguir traduzir isso em resultados. E é isso que os nova-iorquinos querem, acrescenta.
A batalha na esquerda está muito longe de ser apenas um combate travado entre a "utopia" de Sanders e o "pragmatismo " de Clinton, mas é assim que os dois candidatos descrevem as primárias de Nova Iorque.
A escolha dos termos nāo podia fazer mais sentido. A cidade é isso mesmo, uma utopia pragmática, com muito pouco a ver com o resto do país.
A escolha dos termos nāo podia fazer mais sentido. A cidade é isso mesmo, uma utopia pragmática, com muito pouco a ver com o resto do país.