"Espalhem a palavra, gerem interesse, criem excitação"

Donald Trump tem uma visão dramática do papel dos media. Nos anos oitenta, já famoso e milionário, assídua figura na imprensa social nova-iorquina, deu a conhecer publicamente essa percepção num livro que depressa se tornou um "best seller".

Em The Art Of The Deal, Trump, então com 40 anos, explicou como fazer: "Espalhem a palavra, gerem interesse, criem excitação", escreveu. Mas tomem a tarefa em mãos próprias, recomendou, não contratem peritos.

Donald Trump diz ter percebido cedo a natureza "sequiosa e sensacionalista" dos media. Oferecer-lhes controvérsia produziria resultado garantido: "escrevem sempre acerca de mim".

Para que os leitores entendam dá exemplos concretos. Em vez de pagar publicidade no New York Times para um projecto, coisa que lhe podia custar - a preços de 1987 - 40 mil dólares no mínimo, fica "disponível para os jornalistas escreverem uma coluna sobre a forma como executei o negócio". O mais engraçado, sublinha, é que mesmo quando o que publicam é negativo no plano pessoal, "é sempre valioso" no plano empresarial.

A Television City, em 1985, foi outro exemplo. "Ninguém ligava aos hectares que comprei no West Side. Arranjei um evento mediático, anunciei que ia construir o edifício mais alto do mundo no local, instantaneamente saiu na primeira página do New York Times. O Dan Rather anunciou no prime-time e o George Will escreveu uma coluna na Newsweek”. Não são, como o leitor sabe, media de terceira linha.

Outra técnica de que se vangloria é a de falar sempre de forma muito directa com os repórteres, nunca na defensiva. A maneira mais fácil de ter problemas com os media.

Fundamental, segundo Trump, é apelar às fantasias. Acredita que, em geral, as pessoas não conseguem ter grande consideração por si próprias mas "excitam-se com quem tem“, de modo que... nada como uma hipérbole. Aquilo que designa por "hipérbole verdadeira", uma "forma inocente de exagero", uma "promoção muito eficaz".

As diretivas do sucesso estão em qualquer livrito sem referências de psicologia. No entanto, como o leitor tem visto, Trump tem sido fiel a esta visão dramática dos media.

Há seis meses que garante as mais elevadas audiências televisivas e até ao minuto em que vos escrevo está no nível cimeiro nas sondagens nacionais.

Será assim tão simples?

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